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Nota do editor: Este é o terceiro de 6 capítulos da série da revista Tabletalk: O século VII: conflito no Oriente.
O que está acontecendo com a Igreja no mundo muçulmano nos primeiros anos do século XXI? No passado, era bastante comum que os missionários passassem uma vida inteira de serviço fiel ao evangelho e vissem muito pouco ou nenhum resultado tangível em termos de muçulmanos que chegassem à fé em Cristo. Mas hoje sabemos de um número importante de muçulmanos — às vezes em milhares e às vezes em dezenas de milhares — que se converteram à fé nos últimos quinze anos.
Estudantes de missões detectam uma série de fatores que Deus está usando para o avanço do reino de Cristo entre vários grupos de pessoas muçulmanas. A turbulência política e a ascensão do Islã radical e militante fizeram com que muitos muçulmanos começassem a questionar a legitimidade do Islã e os tornaram mais abertos às reivindicações de Cristo, o Príncipe da paz. As tendências atuais no mundo moderno, como a globalização, urbanização e migrações em massa, abriram oportunidades novas e sem precedentes para compartilhar o evangelho com o povo islâmico. O uso de tecnologias modernas, como satélites e a Internet, junto com a distribuição em massa de Bíblias também estão causando impactos relevantes em países muçulmanos anteriormente fechados. O número de missionários que Deus está levantando para levar o evangelho ao mundo muçulmano também está aumentando, não apenas nas igrejas da América do Norte, mas também na América do Sul e na Coréia do Sul e, há pouco tempo, nas igrejas clandestinas em rápida expansão na China. Alguns temas que têm sido repetidamente relatados por muitos muçulmanos em sua conversão a Cristo incluem fatores como o ministério e estilo de vida dos cristãos, orações respondidas e libertação de uma situação difícil, encontrar paz e certeza do perdão na Bíblia, conhecer o amor de Deus nas Escrituras e experimentá-lo em comunhão cristã e atos de serviço humilde.
Embora tenhamos muitos motivos para nos regozijarmos com a propagação sem paralelo do evangelho entre os muçulmanos em nossos dias, também precisamos reconhecer a intensidade da oposição ao evangelho. Nossos irmãos e irmãs que vivem e ministram na maioria dos países muçulmanos enfrentam muitos desafios e momentos sombrios. Algumas vezes a oposição pode assumir a forma da perseguição direta. Muitos servos de Cristo foram mortos, presos e torturados por evangelizar os muçulmanos. As esposas de vários pastores me disseram que toda vez que seus maridos saem de casa, lutam contra o medo de nunca mais vê-los. A lei islâmica proíbe qualquer forma de evangelismo cristão, e a conversão do islamismo ao cristianismo é considerada um crime passivo de punição oficial com a pena de morte. Muitas igrejas vivem com o medo constante de serem bombardeadas ou atacadas por uma multidão enfurecida ou fechadas por ordem do governo. Aqueles que são ativos em seu testemunho cristão podem receber ameaças de morte contra si mesmos e suas famílias. Muitos pastores lutam com o fato de que muitas vezes estão sob escrutínio do governo. Com mais frequência, cristãos e convertidos ao cristianismo sofrem assédio, ridículo, rejeição da família e da comunidade e discriminação educacional ou profissional por causa de sua fé. Os governos islâmicos e as mesquitas usam todas as ferramentas da mídia e do sistema educacional à sua disposição para propagar o Islã e atacar a fé cristã, mas na maioria dos casos nunca permitiriam o acesso dos cristãos para dar uma resposta ou simplesmente apresentar o evangelho.
Há também muitos desafios internos que a Igreja enfrenta. Existem divisões denominacionais e atitudes competitivas entre os cristãos. Muitos observadores podem apontar a falta de educação teológica e maturidade espiritual mesmo dentro da liderança da igreja. Uma grande tentação para muitos muçulmanos convertidos ao cristianismo é se casar com um cônjuge muçulmano, pois podem não conseguir encontrar um parceiro adequado para o casamento. Às vezes, por causa das pressões familiares ou dos muitos perigos de viver como um convertido em uma sociedade muçulmana, um crente professo se converte de volta ao Islã. Muitos cristãos no mundo muçulmano também são tentados a deixar seu país de origem e se mudar para o Ocidente, onde podem viver suas vidas e expressar sua fé cristã em segurança e paz.
Precisamos nos comprometer a orar e nos identificar com a Igreja que sofre perseguição no mundo muçulmano. Mas também devemos nos alegrar com o crescimento e expansão da Igreja no mundo muçulmano. Devemos nos lembrar mais uma vez, especialmente em meio ao crescente radicalismo e violência em todo o mundo islâmico hoje, que “nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele”, e “Ele é a cabeça do corpo, da igreja […]” (veja Cl 1:16, 18).
Não há necessidade de se desesperar. Podemos ter certeza de que o Rei Jesus está sentado em Seu trono e está, de fato, cumprindo Seu grande propósito de edificar a Sua igreja em todo o mundo (e em particular no mundo islâmico) diante de nossos olhos!
Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Magazine.