3 coisas que você deve saber sobre Números
3 coisas que você deve saber sobre Levítico
fevereiro 7, 2024
3 coisas que você deve saber sobre Deuteronômio
fevereiro 9, 2024
3 coisas que você deve saber sobre Levítico
fevereiro 7, 2024
3 coisas que você deve saber sobre Deuteronômio
fevereiro 9, 2024

3 coisas que você deve saber sobre Números

Nota do Editor: Este artigo faz parte da série da revista Tabletalk3 coisas que você deve saber.

1. O livro de Números não é um livro simplesmente sobre números.

O nome hebraico do livro é “No deserto”, que é um título muito mais descritivo e atraente. O livro descreve a experiência de Israel desde a saída do monte Sinai, após o êxodo do Egito, até a chegada à terra prometida. Israel deveria ter levado apenas algumas semanas para percorrer a distância do Sinai até Canaã. O problema foi que eles enviaram doze espiões para verificar a terra, e a maioria voltou com um relatório negativo: os habitantes da terra eram muito grandes e suas cidades muito bem defendidas. Não havia chance de vitória (Nm 13–14). Josué e Calebe contaram uma história diferente, com o argumento que, se Deus lutasse por Israel, certamente poderiam conquistar a terra, mas o relatório da minoria foi rejeitado. Como resultado, o Senhor condenou o povo a vagar no deserto pelos próximos quarenta anos, até que todos os adultos tivessem morrido. Só então poderiam entrar na terra e receber o que Ele havia prometido.

2. O número mais importante no livro de Números é dois.

Há uma grande quantidade de números no livro de Números, bem como longas listas de pessoas em dois censos separados (Nm 1; 26). Pode ser fácil se perder nas listas de nomes e números, que parecem tão obscuras quanto estatísticas esportivas para quem não é fã de esportes ou planilhas detalhadas para quem não é contador. No entanto, todos têm seu papel a desempenhar ao contar a história dos anos de Israel no deserto.

O número mais importante em todo o livro é dois, ou seja, duas gerações. O livro de Números trata de uma geração incrédula que não confiou em Deus e pagou o preço de uma vida inteira de peregrinação no deserto, seguida por uma nova geração que estava prestes a entrar na terra. Será que a nova geração seria como seus pais e cederia mais uma vez à incredulidade? Ou traçariam um novo rumo de fé no Senhor e receberiam a terra que Deus havia prometido aos patriarcas? Os sinais eram bons, com algumas vitórias iniciais sobre os cananeus (p. ex., Nm 21), mas o júri ainda não estava decidido. Isso faz com que as histórias deste livro também nos desafiem: a qual geração pertencemos, o povo da incredulidade, cujos corpos foram espalhados no deserto ou o povo da fé, que avançaria para herdar a terra (ver Hb 3:7-19)?

3. O segundo número mais importante do livro é quarenta e dois.

À primeira vista, Números 33 parece um total desperdício de espaço: uma longa lista de nomes de lugares onde Israel acampou no deserto. No entanto, o próprio Senhor ordenou a Moisés que escrevesse essa lista (Nm 33:2), portanto, deve ser importante. E se o livro for realmente sobre o tempo de Israel no deserto, uma lista de acampamentos ganha um novo significado. Para começar, muitos dos lugares listados são locais onde o Senhor proveu para Seu povo de maneira especial. Esses são os lugares que têm notas anexadas para lembrar Israel do que o Senhor fez: Ramsés, onde os israelitas saíram triunfantes (Nm 33:3), Pi-Hairote, onde o Senhor dividiu o mar (Nm 33:8), Elim, onde havia doze fontes de água e setenta palmeiras (Nm 33:9). Esses são lugares para lembrar da fidelidade de Deus.

O segundo tipo de local consiste nos lugares onde Israel se rebelou contra o Senhor: Mará, o deserto de Zim, Refidim e assim por diante. Entretanto, nenhum desses fracassos é mencionado neste itinerário: é como se o Senhor os tivesse esquecido completamente (ver Sl 130:3-4). Esses lugares nos lembram que Deus em Sua graça esquece nossa rebelião.

O terceiro tipo de local é onde nada aconteceu, até onde sabemos. Alguns desses lugares não são mencionados em nenhum outro lugar do Pentateuco, mas estão incluídos aqui para nos lembrar que nossa vida não é apenas uma progressão de triunfos e fracassos espirituais; os outros dias também contam, quando simplesmente fazemos as coisas comuns da vida: aparecer no trabalho, cuidar das crianças, cortar a grama, lavar a roupa. 

A importância desses dias “comuns” é enfatizada pelo fato de que a lista total de acampamentos em Números 33 é de quarenta e dois. A lista não é abrangente (havia outros lugares onde Israel acampou), nem é apenas uma coletânea dos lugares mais importantes, por isso o número quarenta e dois foi escolhido deliberadamente. Por quê? Porque quarenta e dois é seis vezes sete. Em outras palavras, no final dessa lista — e no final do livro de Números — Israel está à beira do sétimo sete, o sábado de descanso, representado pela entrada na terra prometida.

Nenhum de nós sabe em que ponto da nossa lista pessoal de acampamentos na natureza selvagem podemos estar. Para alguns, talvez tenhamos um caminho a percorrer até o acampamento número quarenta e dois. No entanto, todos nós podemos ter a confiança de que o Senhor Jesus foi fielmente pioneiro no caminho perfeito pelo deserto em nosso lugar, e agora Ele caminha pelo deserto ao nosso lado, lembrando-nos da fidelidade do Senhor e de Seu esquecimento. Quando necessário, Ele nos toma e nos carrega em Seus braços como o Bom Pastor, e nos leva à herança celestial para a qual a terra prometida de Israel apontava.

Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Magazine.

Iain Duguid
Iain Duguid
O Dr. Iain Duguid é professor de Antigo Testamento no Westminster Theological Seminary, na Filadélfia. Ele é autor de vários livros, entre eles The Whole Armor of God: How Christ's Victory Strengthens Us for Spiritual Warfare [Toda a armadura de Deus: como a vitória de Cristo nos fortalece para a guerra espiritual].