
5 coisas que você deve saber sobre a teologia da aliança
junho 13, 20255 coisas que você deve saber sobre o inferno

Nota do Editor: Este artigo faz parte da série da revista Tabletalk: 5 coisas que você deve saber.
Como o assunto do inferno é difícil de considerar, muitos dentro e fora da igreja têm procurado suavizar a ideia, pois como pode um Deus amoroso enviar pessoas para um lugar tão miserável? Porém Deus não nos pediu para amenizar Sua ação no que diz respeito ao inferno, e Ele não permite tal suavização. Muito do que aprendemos sobre o inferno, na verdade, vem do próprio Jesus amoroso, cujos ensinamentos sobre o inferno expandem os ensinamentos do Antigo Testamento. Aqui estão cinco coisas que você precisa saber sobre o inferno.
1. O inferno é um lugar real de miséria consciente e sem fim.
A doutrina errônea conhecida como aniquilacionismo, ou imortalidade condicional, afirma que os ímpios serão destruídos no juízo final. Não precisam se preocupar com punição consciente e eterna na vida após a morte. Em contraste com essa visão, a Bíblia apresenta o inferno como um lugar de miséria consciente e perpétua. As misérias do inferno são intermináveis (Jd 13; Ap 20:10). Por exemplo, em Lucas 16 o rico é descrito como estando “em tormentos” (Lc 16:23) no inferno e consciente de seu estado miserável, sem dúvida preferindo perder sua existência do que continuar em tormentos.
Também não há base bíblica para uma “segunda chance”. O status residencial dos habitantes no inferno é fixo para sempre. A morte marca o momento de uma mudança permanente de endereço. Portanto, as ideias de que as almas no inferno serão eventualmente destruídas (aniquilacionismo) ou que receberão uma segunda chance não têm base bíblica.
2. O inferno é um dos dois únicos destinos possíveis de todo ser humano.
Quando uma pessoa morre, seu corpo é enterrado e sua alma é imediatamente levada à presença de Deus, onde ela será conduzida ao céu ou lançada no inferno. A Confissão de Fé de Westminster 32.1 descreve desta forma:
Os corpos dos homens, depois da morte, voltam ao pó e veem a corrupção; mas as suas almas (que nem morrem nem dormem), possuindo uma substância imortal, voltam imediatamente para Deus, que as deu. As almas dos justos, sendo então aperfeiçoadas em santidade, são recebidas no mais alto dos céus onde contemplam a face de Deus em luz e glória, esperando a plena redenção de seus corpos; e as almas dos ímpios são lançadas no inferno, onde permanecerão em tormentos e em trevas espessas, reservadas para o juízo do grande dia. Além destes dois lugares destinados às almas separadas de seus respectivos corpos, as Escrituras não reconhecem nenhum outro lugar.
No último dia, cada alma será unida com seu corpo. Nesse momento, os justos irão para a vida eterna, enquanto os ímpios serão lançados em “eternos tormentos” (CFW 33.2). Além desses dois lugares, para almas unidas com seus corpos na ressurreição, a Escritura não reconhece nenhum outro lugar.
3. O inferno é um lugar da presença da ira de Deus.
Os “eternos tormentos” do inferno são descritos pela Confissão de Westminster 33.2 como um lugar de punição “a destruição eterna, longe da presença do Senhor e da glória de seu poder”. Muitas vezes, o inferno é considerado um lugar de separação da presença de Deus. Contudo Deus é onipresente, Ele não pode não estar em algum lugar. Em vez disso, a Escritura prevê o inferno não como uma experiência de Sua ausência, mas de Sua presença com ira, Seu desagrado e punição sem fim. Nosso Deus, que é “fogo consumidor” (Hb 12:29), derramará Sua “ira e indignação” (Rm 2:8) sobre os ímpios no inferno.
Se isso soa mal para o cristão, é porque é um lado de Deus que não condiz com nossa experiência como Seus filhos amados. O que os ímpios experimentarão no inferno é a ira de Deus que foi extinta para Seu povo por Cristo, mas as realidades do inferno para os réprobos são mais miseráveis do que até mesmo as descrições simbólicas dele, assim como qualquer sinal só pode representar e significar imperfeitamente uma realidade. Talvez as descrições simbólicas do inferno na Bíblia se devam ao fato de que a punição eterna de um Deus santo é indescritivelmente miserável.
4. Os habitantes do inferno são aqueles que escolheram estar lá.
O inferno é o destino daqueles que escolheram amar as trevas ao invés da luz (Jo 3:18-21). Isso pode parecer contradizer o clamor do homem rico: “Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama” (Lc 16:24). Porém observe que o rico não deseja Deus de repente; ele apenas deseja alívio da punição divina.
Os calvinistas podem, e de fato devem, reconhecer que, no final das contas, cada indivíduo recebe aquilo que escolheu livremente: adorar a Deus pela regeneração do Espírito Santo ou amaldiçoar a Deus. Aqueles que estão no inferno não podem e não irão alegar injustiça, pois receberam exatamente o que lhes era devido e o que escolheram. A Bíblia não vê contradição entre o inferno ser um castigo que Deus inflige aos ímpios e o inferno ser o destino que os seres humanos livremente escolheram. Assim, o inferno é a expressão máxima de nos entregarmos aos nossos próprios desejos e às concupiscências da carne (Rm 1:24).
5. O inferno é consistente com a natureza de Deus.
O inferno não é uma mancha na reputação de Deus. Não é um episódio embaraçoso em Seu currículo que contradiga Sua essência. Não, o inferno é consistente com a santa justiça de Deus que exige que a punição pelo pecado seja adequadamente proporcional à culpa do sujeito. A justiça de Deus e Sua benevolência coexistem perfeitamente. São perfeitamente consistentes, e o céu e o inferno são expressões dessa harmonia sagrada. Se Deus não fosse justo, o aniquilacionismo, o universalismo ou qualquer outra visão não bíblica relacionada à vida após a morte poderiam ser verdadeiras.
Considere a benevolência e a justiça de Deus na obra de Seu Filho. A obra de Cristo não seria em vão se não houvesse inferno? Se os ímpios fossem destruídos ou de alguma forma admitidos no céu, o sacrifício de Cristo não se tornaria desnecessário? De fato, negar o inferno não é apenas inconsistente com o caráter de Deus, mas equivale a pisotear o Filho de Deus (Hb 10:29). O caráter de Deus — tanto Sua justiça quanto Sua bondade — exige a execução proporcional da penalidade total pelo pecado sobre os ímpios para sempre.
Apesar de que muito mais possa ser dito sobre o inferno, talvez seja bom lembrar que as várias descrições bíblicas do inferno têm a intenção de magnificar a graça de Cristo que nos salvou dele e impulsar em nós o fervor de alertar os outros a fugir das dores do inferno, voltando-se para Cristo com verdadeira fé e arrependimento.
Artigo publicado originalmente em Ligonier.org.