Medo de não estar à altura - Ministério Ligonier
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Medo de não estar à altura

Você já parou para pensar que vivemos em tempos nos quais, se for esse o seu desejo, há a tecnologia para monitorar, registrar e avaliar quase tudo que acontece no decorrer do seu dia? Até certo ponto, essa tecnologia e fluxo de dados nos proporciona uma sensação de controle, e controle é algo que muitos de nós buscamos, especialmente quando temos medo. Medo e controle parecem ter um relacionamento recíproco; quanto mais tememos, mais queremos controlar. Quanto mais tentamos manter o controle, mais temos medo. E o ciclo continua. Parece que vivemos em tempos de medo intensificado em quase todas as esferas da vida: espiritual, política, social e familiar. Não apenas tememos o desconhecido, mas tememos que possamos falhar em nossa busca por viver fielmente em cada uma dessas esferas. Medos têm consequências reais que podem levar-nos, na tentativa de exercer controle, a colocar expectativas prejudiciais e potencialmente destrutivas sobre nós mesmos e os outros.

Você acorda toda manhã com a expectativa de que tudo o que for dizer, fazer e pensar será perfeito? Se sim, e se for honesto consigo mesmo, irá perceber rapidamente que se trata de algo irrealista e inalcançável neste mundo caído (Rm. 3:10). Apesar disso, a perfeição que muitos buscam é em parte devido ao medo do fracasso. O medo de fracasso é bastante comum: maridos não querem falhar em prover para suas famílias; mães, em particular, não querem falhar na criação de seus filhos; estudantes não querem desapontar seus professores ou pais com sua performance acadêmica. Por um lado, esses medos são bons e saudáveis. Eles nos influenciam e motivam a trabalhar duro por aqueles que amamos e respeitamos. Por outro lado, quando o medo do fracasso nos leva a expectativas irrealistas de nós mesmos, hábitos de estudo ou trabalho prejudiciais ou uma paranóia de nunca estarmos à altura aos olhos dos outros, podemos com muita facilidade cair em desespero, preocupação e pecado.

Satanás ama desviar nossa vista de Jesus. Ele quer que olhemos para baixo e para dentro (de nós mesmos), tentando-nos a pensar que somos como Deus, com poder para controlar tudo, até mesmo as percepções alheias sobre nós. Em meio aos ataques do maligno, devemos lembrar que “maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo” (1Jo. 4:4). Deus está no controle; por isso, não devemos temer (Is. 43:1). Somente Ele é perfeito e faz todas as coisas bem. Portanto, podemos confiar e descansar nEle, reconhecendo que não somos perfeitos e que nenhuma de nossas ações são justas, mas que Ele é perfeito e Suas obras são justas. Nosso objetivo diário como discípulos deve ser mostrar às pessoas Suas perfeições, Sua justiça e a Sua glória, não a nossa.

A batalha incessante contra o mundo, a carne e o diabo requer dos cristãos que regularmente avaliem suas expectativas de si mesmos e dos outros para ver se elas honram a Deus. Nosso ponto de partida deve ser sempre a verdade de Deus, através da qual aprendemos que somos caídos e imperfeitos. Sei que é uma observação simples e óbvia, mas deve ser feita: você não é perfeito. Eu não sou perfeito. Seu cônjuge não é perfeito. Seus pastores não são perfeitos. Mas Deus é perfeito (Sl. 18:30). Isso deve servir como alívio. Em meio a seus medos e falhas, você pode descansar na perfeição, bondade, verdade e amor de Deus (Dt. 32:4). Ele nunca falhará.

Deus frequentemente nos ensina lições importantes através de nossos fracassos e decepções para que continuemos dependentes dEle. O Salmo 118:8 nos lembra que “melhor é buscar refúgio no Senhor do que confiar no homem.” Outra lição que Ele nos ensina é que Deus está soberanamente obrando para cumprir Seus desígnios mesmo através de nossas (ou de outros) falhas e erros. Deus não ordena somente os propósitos, mas também os meios para tais propósitos. Até mesmo nossos medos e fracassos Ele misteriosamente obra para o nosso bem (Rm. 8:28). Ele também nos ensina que não devemos desistir, apesar de nossos fracassos, mas seguir em frente e buscar excelência onde quer que Deus nos tenha chamado para servir (Gl. 6:9; Fp. 3:13-14).

Não sabemos o que o amanhã trará em termos de sucessos ou fracassos. Independentemente do controle que pensemos ter sobre nossa rotina diária e seu desfecho, devemos lembrar e reconhecer que somos inteiramente dependentes da misericórdia e graça diárias de Deus. Não temamos o fracasso e nem busquemos descanso em nós mesmos ou em outros, mas busquemos descansar somente em Deus, o Criador e Sustentador de todas as coisas. Ele é, como diz um hino popular: “Nosso Deus, nosso socorro em épocas passadas, esperança para tempos futuros, nosso abrigo contra o temporal e lar eterno.” [1]


N.T. [1] “Our God, our help in ages past”, hino de Isaac Watts; tradução livre.

Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Magazine.

Kevin Struyk
Kevin Struyk
O Rev. Kevin Struyk é pastor adjunto na Saint Andrew’s Chapel em Sanford, Flórida, e graduado do Reformed Theological Seminary em Orlando, Flórida.