O que é a prudência?
maio 5, 2025
O que é a preguiça?
maio 9, 2025
O que é a prudência?
maio 5, 2025
O que é a preguiça?
maio 9, 2025

O que é o orgulho?

Nota do editor: Este artigo faz parte da coleção Virtudes e defeitos.

O que você pensa quando ouve a palavra orgulho? Em nossa cultura, isso é frequentemente visto como algo bom. Por exemplo, podemos dizer: “Tenha orgulho do seu trabalho” ou “Ele está orgulhoso da sua escola”. Ser fiel a si mesmo e a quem você é se considera orgulho próprio, algo que é validado e incentivado. Um dicionário descreve o orgulho como “autoestima razoável” e “autoestima exagerada”.

Existe algo chamado orgulho excessivo, e todo mundo sabe disso quando o vê. Podemos pensar em Macbeth, de Shakespeare, em seu desejo de poder e em como isso levou à sua queda; ou em Napoleão e seu orgulho, que resultou em sua derrota na batalha contra a Rússia. O Paraíso Perdido de Milton descreve o orgulho de Satanás quando ele se revoltou contra Deus e declarou: “É melhor reinar no inferno do que servir no céu”.

Embora nossa cultura possa ver o orgulho como algo relativo, a Bíblia o define claramente como pecado.

O orgulho do arrogante

Em Provérbios 8, a sabedoria clama nas ruas por qualquer um que atenda seu chamado. Ao clamar: “O temor do Senhor consiste em aborrecer o mal; “a soberba, a arrogância, o mau caminho e a boca perversa, eu os aborreço” (Pv 8:13). Provérbios 16:18 adverte: “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda.” Em Marcos 7, Jesus explicou que não é o que está fora de uma pessoa que a contamina, porém o que está dentro, o que está no coração, como o orgulho: “Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura” (Mc 7:21-22). O autor Ed Welch retrata o orgulho como “uma das principais formas de descrever o pecado”. 1

O orgulho é com frequência considerado a raiz do primeiro pecado. Em Gênesis 3, o diabo distorceu a verdade quando tentou Eva no jardim. Ele contou a ela que Deus estava impedindo que ela fosse tudo o que poderia ser, que o Senhor estava escondendo algo dela. Quando ela viu que a árvore era desejável para dar entendimento, ela comeu do fruto proibido, e Adão também comeu com ela (Gn 3:6), pecaram contra a ordem de Deus e deram início à queda da humanidade. A partir desse momento, todos nós baseamos nossas vidas em torno de nossos próprios interesses. Fazemos a sabedoria de Deus pequena aos nossos olhos. Nos exaltamos acima de Deus e acima dos outros.

O orgulho é arrogância. O orgulho pensa que sabe mais e é melhor. O orgulho se coloca em primeiro lugar. Não se curva a ninguém além de si mesmo. Porém, como CS Lewis escreveu em Cristianismo puro e simples: “O orgulho é um câncer espiritual: consome a própria possibilidade de amor ou contentamento, ou até mesmo o bom senso”.

Orgulho x humildade

  • A Bíblia apresenta o orgulho como o oposto da humildade. Vemos isso de forma clara no livro de Provérbios:
  • “Em vindo a soberba, sobrevém a desonra, mas com os humildes está a sabedoria” (Pv 11:2).
  • “Antes da ruína, gaba-se o coração do homem, e diante da honra vai a humildade” (Pv 18:12).
  • “A soberba do homem o abaterá, mas o humilde de espírito obterá honra” (Pv 29:23).

Os orgulhosos vivem como se fossem reis de seu próprio reino, enquanto os humildes reconhecem que são criaturas do Rei dos reis. Deus é Deus e nós não somos. Ele nos criou e pertencemos a Ele. Dependemos de Deus para todas as coisas: vida, respiração e tudo o mais (At 17:25). Tudo o que temos, tudo o que somos, é por causa da Sua graça.

É por isso que com o orgulho sobrevém a desonra Embora Deus possa nos permitir por um tempo viver a falsa realidade de que somos os reis do nosso próprio universo, eventualmente a verdade se torna evidente. Enfrentaremos o fato de que não estamos no controle. Perderemos tudo aquilo a que nos apegamos. Chegaremos ao nosso limite. Nosso reino será destruído e ficaremos sem nada. O orgulho vem antes da queda.

Quando Deus humilha o orgulhoso, é um ato de Sua graça. Nesse momento de vazio, temos a oportunidade de nos arrepender e nos render à obra do Espírito Santo em nossos corações. Ao fazer isso, deixamos de lado nossa coroa, nos curvamos diante do Rei e nos submetemos ao Seu senhorio.

Abandonar o orgulho

O apóstolo Paulo exorta aqueles que confiam em Cristo pela fé a seguir Seus caminhos. Devemos viver tendo Cristo como nosso exemplo. Em Filipenses 2, ele nos chama a viver em humildade como Jesus fez quando deixou as glórias do céu, assumiu a carne humana e viveu a vida que não poderíamos viver e morreu a morte que merecíamos. Por causa do que Cristo fez por nós e da obra do Espírito Santo em nós, podemos abandonar nosso orgulho, viver em humildade e honrar os outros mais do que a nós mesmos:

Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz (Fp 2:3-8).

Então, essa humildade dá origem ao que poderíamos considerar um bom orgulho: um que não está focado em si mesmo. Vemos isso em Romanos 15, quando Paulo fala sobre a obra de Cristo nele. Ele descreve seu trabalho em levar o evangelho aos gentios e escreve: “Tenho, pois, motivo de gloriar-me em Cristo Jesus nas coisas concernentes a Deus” (v. 17). Depois de exortar a igreja de Filipos a seguir na humildade de Cristo, Paulo escreve sobre si mesmo: “Preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente” (2:16). Também podemos ter um orgulho piedoso em nossos próprios trabalhos e no que os outros fizeram. Podemos dizer a uma criança que estamos orgulhosos de seus esforços na escola e nos alegrar em como o Senhor nos usa para fazer o ministério crescer.

É arrogância pensar que podemos fazer qualquer coisa sem Deus. Foi Ele quem nos criou; é Ele quem nos sustenta. Que possamos nos humilhar diante do Senhor e viver na dependência de Sua graça.


  1. Ed Welch, “The Absurdity of Pride [O absurdo do orgulho]”. CCEF. 13 de outubro de 2020. https://www.ccef.org/the-absurdity-of-pride/ .

Artigo publicado originalmente em Ligonier.org.

Christina R. Fox
Christina R. Fox
Christina R. Fox é editora de conteúdo do blog do ministério feminino da PCA (enCourage) e coordenadora do ministério de mulheres na East Cobb Presbyterian Church em Marietta. Ela é autora de vários livros, entre eles A Holy Fear [Um santo temor] e Like Our Father [Como nosso Pai]. Ela também posta textos em seu blog ChristinaFox.com.