
3 coisas que você deve saber sobre Naum
junho 25, 20253 coisas que você deve saber sobre Obadias

Nota do Editor: Este artigo faz parte da série da revista Tabletalk: 3 coisas que você deve saber.
A profecia de Obadias pode passar despercebida, pois é o livro mais curto do Antigo Testamento e está escondido entre os Profetas Menores, um território desconhecido para muitos leitores da Bíblia. Os fatos básicos sobre o livro de Obadias são de rápido aprendizado, já que leva apenas um ou dois minutos para lê-lo.
O profeta proclama o juízo do Senhor contra a nação de Edom (Ob 1 – 4, 8 – 10), um país pequeno, porém que vivia com uma sensação de conforto e segurança que havia se transformado em orgulho e ostentação (Ob 3, 12). As razões para tal confiança eram duplas: era um país de muitas montanhas que, de uma perspectiva humana, seria fácil de defender (Ob 3 – 4). Além disso, Edom (costuma ser chamado pela sua cidade principal, Temã) tinha a reputação de possuir grande sabedoria humana (Ob 8 – 9; veja também Jr 49:7). Em outras palavras, Edom tinha todas as vantagens estratégicas que permitiam que seus habitantes vivessem com segurança. No entanto, o Senhor proclama que o juízo virá sobre os edomitas não apenas por não terem ajudado os judeus quando os babilônios os atacaram (que provocou a destruição de Jerusalém e no exílio em 587/586 a.C.), mas ainda mais por terem fornecido assistência ativa aos invasores, ao capturar os judeus fugitivos e entregá-los (Ob 11 – 14; Sl 137:8-9; Ez 25:12; 35:5). Além dessas profecias de juízo, o Senhor também promete que Seu povo será liberto e se erguerá através de Seu poder real (Ob 17 – 21).
Entender os três aspecto seguintes sobre o livro de Obadias pode nos ajudar a compreender sua mensagem de forma mais completa.
1. A profecia de Obadias mostra o cumprimento do decreto soberano do Senhor a Isaque a respeito de seus filhos Jacó e Esaú de que “o mais velho servirá ao mais moço” (Gn 25:23).
As nações de Edom e Judeia eram descendentes de Esaú e Jacó (Gn 36:1-43; 49:1-28). Assim como os dois irmãos tiveram um relacionamento problemático (Gn 27:41-45), o mesmo aconteceu com as duas nações que surgiram deles (Edom, de Esaú, e Judeia, de Jacó). Embora desonesto e enganador, Jacó recebeu o direito de primogenitura e a bênção que pertenciam ao seu irmão primogênito (Gn 25:29-33; 27:1-40). Da mesma forma, a nação da Judeia recebeu graciosamente o domínio sobre os edomitas (Nm 24:18-19) ao longo de sua história de muitos conflitos (ver, p. ex., 1 Sm 14:47; 2 Sm 8:11-14; 1 Rs 22:47; 1 Cr 18:11). O tratamento do Senhor para com Jacó e Israel demonstra o favor imerecido de Deus para com os que não merecem (Ml 1:1-4; Rm 9:10-16).
2. A visão de Obadias (Ob 1) “agrupa” os atos de juízo divinos e Seus atos de libertação para fazê-los parecer simultâneos.
Obadias fala não apenas do juízo sobre Edom, mas também do “Dia do Senhor” (Ob 15), quando ocorrerá o julgamento sobre todas as nações (Ob 16) e a libertação para o povo de Deus (Ob 17). À primeira vista, parece que tudo isso acontecerá ao mesmo tempo. Entretanto, os profetas bíblicos muitas vezes condensam os atos de juízo e salvação de Deus, da mesma forma que alguém pega um telescópio estendido e o encurta em uma unidade compacta. Essa maneira de falar é frequentemente chamada de “abreviação profética” ou “síntese”, e estar ciente dessa técnica pode ajudar o leitor a evitar confusões. Ao compreender essa característica comum das profecias, pode-se discernir que o cumprimento da profecia de Obadias ocorre em épocas diferentes. Assim, por exemplo, a destruição de Edom já ocorreu, porém o crente ainda aguarda o “Dia do Senhor”, que convocará todas as nações ao julgamento e consumará a plenitude da salvação para a igreja.
3. Embora o Novo Testamento não cita diretamente a profecia de Obadias, mas as Escrituras apontam para seu surpreendente cumprimento em Jesus Cristo.
O Novo Testamento não cita Obadias, assim como vários outros livros do Antigo Testamento: Ester e Sofonias. Contudo, as Escrituras indicam que a profecia de Obadias se cumpriu de maneira surpreendente. Com o tempo, os edomitas foram subjugados por potências estrangeiras e, segundo o historiador judeu Josefo, eles voltaram a estar sob o domínio judaico e foram forçados a receber a circuncisão ritual de João Hircano (um governante hasmoneu e sumo sacerdote judeu) no final do século II a.C. (Antiguidades 13:256). Como resultado, esses “idumeus”, como passaram a ser conhecidos, começaram a ser absorvidos pelo povo da Judeia. Essa perda de sua terra ancestral e identidade nacional provou ser uma bênção disfarçada, pois as pessoas da Idumeia estavam entre as atraídas a seguir Jesus, o Messias (Mc 3:8-9), o que confirmou a veracidade de Colossenses 3:11:
No qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos.
Assim como Obadias declarou, a libertação se concretizou no Monte Sião (Ob 17), isto é, entre o povo do Deus vivo que segue a Jesus, o Mediador da melhor aliança (Hb 12:22-24).
Com o livro de Obadias, o velho ditado se confirma: coisas boas vêm em embalagens pequenas.
Artigo publicado originalmente em Ligonier.org.