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Nota do Editor: Este é o penúltimo de 17 capítulos da série da revista Tabletalk: O reino de Deus.
Em algum lugar ao sul de Anchorage, no Alasca, na rodovia Seward, meu amigo estava perdido e precisava de instruções para chegar a Hope, no Alasca, uma remota vila de pescadores na península de Kenai. Ele perguntou a um idoso no posto de gasolina: “Como se chega até Hope (Esperança, em tradução livre)?”. “Vá à igreja e ore”, respondeu o velho com um sorriso, depois de pronunciar a frase bem praticada como se fosse um ator vencedor do Oscar.
Todos faríamos bem em seguir o seu conselho. Muitos perderam o caminho da esperança. A desesperança e o cinismo tornaram-se epidêmicos em nossa cultura e na igreja. A desesperança é uma sensação de desespero e pavor. A desesperança está correlacionada com suicídio, depressão, automutilação e crença de ser socialmente indesejável. A desesperança tem sido uma professora implacável.
A lição destes últimos anos é que o governo, a economia, a política e a consciência social não garantirão o nosso futuro. Então, como chegamos à esperança? Como é o caminho para a esperança? Como toda jornada, o caminho para a esperança começa com o conhecimento de onde estamos. Se você está lendo isso e se sentindo tão desesperado que está pensando em se machucar, ligue para seu pastor, amigo ou membro da família. À medida que a desesperança ganha voz, você desejará isolar-se e afastar-se de Deus e dos outros. Suicídio, isolamento e automutilação nunca são o desejo de Deus para você. Uma análise honesta da sua condição pode parecer arriscada na nossa cultura de “ser positivo” e de “apenas se esforçar mais”.
A desesperança surge quando nossa esperança está em algo não confiável ou incapaz de satisfazer os anseios mais profundos de nossas vidas. O caminho inesperado para a esperança começa com a compreensão de que os nossos planos não funcionam e não são capazes de eliminar a tristeza deste mundo caído. Ironicamente, a desesperança é o primeiro passo para encontrar a verdadeira esperança. Deus nunca pretendeu que ficássemos totalmente satisfeitos com esta vida. Deus não quer que deuses menores preocupem Seus filhos. Fomos criados para o relacionamento com Deus; portanto, ansiamos por esse relacionamento restaurado com Ele, e também com os outros e nós mesmos. Assim que aliviarmos a pressão sobre os nossos cônjuges, os nossos filhos, os nossos empregos ou os nossos governos para satisfazer os nossos anseios mais profundos, poderemos começar a apreciá-los pelo que podem proporcionar. Nunca teremos esperança se acreditarmos que a resposta é apenas mudar as circunstâncias.
A Bíblia fala muitas vezes sobre como as circunstâncias atuais não determinam a nossa esperança. Viver fielmente no exílio é um convite para ver o panorama geral, além das pequenas esperanças de felicidade temporária. O caminho para a esperança começa com o esgotamento de nós mesmos e dos nossos esforços para tornar a nossa vida perfeita. Apesar dos obstáculos e das decepções, podemos viver com um propósito maior e ter esperança final. Na Bíblia, o povo de Deus vivia no exílio, mas Deus prometeu-lhes esperança. Paulo escreveu sobre esperança e encorajamento na prisão. A igreja cresceu no meio da perseguição, pois a sua esperança não estava nas circunstâncias, mas apenas em Deus. A jornada para a esperança começa quando chegamos ao fim de nós mesmos e nos concentramos em nossas identidades em Cristo como portadores da imagem de Deus, em vez de meras circunstâncias.
Nunca chegaremos à verdadeira esperança tentando nos enganar e ficar satisfeitos com objetivos pequenos e alcançáveis. A esperança não é encontrada em pensamentos mesquinhos e egoístas. Mover-se em direção à esperança exige que abracemos a verdade. Essa verdade é que fomos projetados por Deus para viver uma história de Sua glória. A pessoa desesperada não tem pensamentos grandiosos, ela tem uma visão muito limitada. Portanto, à medida que o caminho para a esperança se alarga diante de você, perceba que você tem um propósito em sua vida. Em Cristo, você é um filho escolhido de Deus e, por conseguinte, parte da família de Deus.
Uma vez que ultrapassamos as nossas circunstâncias e compreendemos o grande propósito que Deus nos deu, uma olhada no espelho retrovisor é útil. Lembre-se de como Deus foi fiel no passado. Leia e estude passagens bíblicas que demonstrem Sua fidelidade. Olhe ao redor, você verá que não está sozinho. A vida não foi feita para ser vivida em solidão. Devemos perceber que outros estão conosco, outros também lutam e outros precisarão de nossa ajuda e incentivo ao longo do caminho. Olhe ainda mais de perto e veremos nosso verdadeiro companheiro. Cristo está em nós e Seu Espírito nos capacita.
Juntamente com um novo foco, um grande propósito, companheiros de cada lado e Cristo como a sua força, o caminho para a esperança requer gratidão e oração. É impossível ter gratidão e desesperança ao mesmo tempo. Para continuar no caminho da esperança, precisaremos agradecer sempre a Deus em nossas orações.
Neste ponto da jornada rumo à esperança, notaremos alguma resistência. A desesperança é um vigarista que nos impede de amar, tentar e sonhar, de uma forma estranha, a desesperança pode tornar-se confortável para nós. Queremos esperança, mas queremos estar no comando. Queremos esperança, mas queremos justificar não amar aos outros e a Deus. No livro de Isaías, Deus convida Seus filhos a participarem de Seu plano, a confiarem e viverem em Suas alianças, e a anteciparem Sua provisão: “Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis com finos manjares” (Is 55:2).
Ao viajarmos em direção à esperança, lembremo-nos de manter a perspectiva e focar nEle. Não desperdicemos nossas vidas com objetivos que não nos satisfarão. O idoso estava certo: “Ore e vá à igreja”. Lá seremos lembrados mais uma vez onde reside a esperança real e eterna.
Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Magazine.