Acima de qualquer crítica: de dentro e de fora - Ministério Ligonier
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Acima de qualquer crítica: de dentro e de fora

crítica

Nota do editor: Este é o décimo de 19 capítulos da série da revista Tabletalk: Sal e luz.

Antes de prosseguir com sua argumentação em 1 Timóteo 3:1-7 sobre as qualificações dos presbíteros da igreja de Cristo, o apóstolo Paulo conclui no versículo 7 exigindo que os presbíteros gozem de boa reputação com os incrédulos.

Tal exigência parece óbvia. A Grande Comissão é central na vida e no chamado de um pastor. Sim, ele deve equipar os santos para a obra do ministério (Ef 4:12) trabalhando arduamente na pregação e no ensino (1 Tm 5:17), esforçando-se para apresentar cada membro completo em Cristo (Cl 1:28). Mas a comissão de fazer discípulos começa ao fazer o trabalho de um evangelista (2 Tm 4:5), com a proclamação do evangelho aos que estão de fora, na esperança de que, pela graça de Deus, possam ser convertidos e unidos ao corpo de Cristo. Um pastor ora com frequência para que “pessoas que estão fora” se tornem “pessoas que estão dentro”, que incrédulos sejam transformados em discípulos de Cristo, que depois são reunidos na igreja para serem batizados e ensinados a observar tudo o que Cristo ordenou (Mt 28:19-20). Então, concluímos que um presbítero deve buscar uma boa reputação com os incrédulos. Todos os crentes são chamados a não ofender (1 Co 10:32), a andar em sabedoria (Cl 4:5), “para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo” (Fp 2:15).

No entanto, após um momento de reflexão, tal requisito pode parecer bastante contra-intuitivo. Os incrédulos estão espiritualmente mortos (Ef 2:1-3), hostis a Deus (Rm 8:7) e incapazes de aceitar ou compreender o que diz respeito ao Espírito de Deus. (1 Co 2:14). Podemos realmente esperar que eles aprovem os presbíteros da igreja de Cristo, aqueles que confiam na própria Bíblia cuja autoridade os incrédulos rejeitam? O próprio Jesus lembrou a Seus discípulos que o mundo incrédulo que o odiava odiaria Seus seguidores (Jo 15:18-21). Nosso grande Profeta pronunciou “ai” sobre nós quando todos os homens falam bem de nós, pois é assim que os falsos profetas foram recebidos (Lc 6:26).

De fato, um dos maiores obstáculos ao ministério fiel em nossos dias tem sido um desejo não-crucificado pelo louvor do mundo. Uma geração inteira de pastores se rendeu à filosofia pragmática de ministério: se conseguirmos que os incrédulos gostem de nós, então aceitarão Jesus. Talvez nenhum outro princípio tenha feito mais para enfraquecer a igreja nos últimos trinta anos. Mas Paulo afirma: “Porque não nos pregamos a nós mesmos” (2 Co 4:5). Então, como ele pode exigir que os pastores “devem ser bem vistos pelos de fora”?

A resposta requer que entendamos primeiro o que Paulo não está pedindo. Ele não está colocando aspirantes a presbíteros em um curso para cortejar a estima e a admiração dos inimigos da justiça. Essa qualificação não exige que o homem de Deus escape de todas as críticas daqueles que estão cegos para a glória do evangelho. João Calvino observou:

Como seríamos estúpidos se quiséssemos ser amados por aqueles que desprezam a Deus e que pisam em nosso Senhor Jesus Cristo! Em vez disso, devemos esperar que os ímpios zombem e nos rejeitem, visto que não podemos persuadi-los a honrar a Deus como deveriam e a se submeter reverentemente à Sua Palavra.

Pastores nunca devem esquecer que “a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus” (1 Co 3:19), e que nós Seus servos somos, como Paulo expressa, “lixo do mundo, escória de todos” (1 Co 4:13).

Em vez disso, o apóstolo está pedindo aos presbíteros que vivam vidas acima de qualquer reprovação, não apenas acima da reprovação daqueles dentro da igreja, como pediu em 1 Timóteo 3:2, mas também acima da reprovação dos que estão fora da igreja. Às vezes, os parentes, colegas de trabalho ou vizinhos descrentes de um presbítero em perspectiva podem saber mais sobre seu caráter do que seus companheiros membros da igreja. Se os incrédulos souberem que ele é marcado por imoralidade ou embriaguez, ou por falta de disciplina ou integridade, enquanto ao mesmo tempo serve como presbítero na igreja de Cristo, eles o ridicularizarão como um hipócrita e o nome de Cristo será blasfemado por causa disso (Rm 2:24). Paulo exige que não seja assim. Embora os inimigos da verdade procurem desacreditar o caráter dos servos de Deus, os presbíteros devem “[manter] exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios” (1 Pe 2:12), “naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo” (1 Pe 3:16). Se forem feitas acusações, nunca devem permanecer e devem ser demonstradas como ilegítimas por um claro apelo à vida do homem. Sob o escrutínio de pessoas de dentro e de fora, o homem de Deus deve viver uma vida irrepreensível. Que Deus dê graça a Seus servos, para que possamos andar dignos de tão elevada vocação.

Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Magazine.

Mike Riccardi
Mike Riccardi
O Rev. Mike Riccardi é pastor na Grace Community Church e professor assistente de Teologia no The Master's Seminary.