Como entender que Jesus é a ressurreição e a vida?
dezembro 24, 2025
Como entender que Jesus é a ressurreição e a vida?
dezembro 24, 2025

Como entender que Jesus é o caminho, e a verdade, e a vida?

Nota do Editor: Este artigo faz parte da coleção As declarações “Eu sou” de Jesus.

Anos atrás, ouvi uma importante figura acadêmica defender seu argumento em prol de um ambiente tolerante em seu histórico campus. Ele então afirmou que sua universidade não admitiria atitudes intolerantes. Não perca a ironia dessa afirmação. Por mais irônico que seja, vivemos tempos em que a “tolerância” é exaltada. Com isso, surge um profundo desgosto por declarações que afirmam ser únicas ou absolutas. Essa rejeição se intensifica diante das declarações exclusivas dos cristãos sobre Cristo e a salvação.

A Bíblia está repleta de afirmações exclusivas. A antítese entre vida e morte é fundamental para a fé cristã. O caminho da vida e o caminho da morte estão presentes na Bíblia, ilustrados em lugares como o sacrifício de descrença de Caim versus o sacrifício de fé de Abel e a justaposição de Esaú e Jacó. Jesus expressou o modelo de vida/morte como o caminho apertado e espaçoso: um caminho leva à vida e outro à destruição (Mt 7:13-14). O caminho apertado é personificado em Jesus Cristo quando Ele declarou: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida” (Jo 14:6). Essa reivindicação exclusiva podemos encontrar na literatura extrabíblica, desde a Didaquê (século II d.C.), até os credos e confissões históricas, continuando até o presente.

Porém surge uma questão neste momento: como Jesus é “o caminho, e a verdade, e a vida”? Há duas respostas para a pergunta, que são inseparáveis. Existe a resposta objetiva e a resposta subjetiva. Objetivamente, Ele é exclusivamente o caminho, e a verdade, e a vida, pois Ele é Deus encarnado. Subjetivamente, Sua salvação é concedida aos indivíduos pela fé no que Ele é e no que Ele fez.

Se considerarmos de forma objetiva, Jesus em Sua pessoa e obra é “o caminho”, porque Ele é Deus. Para a liderança judaica de Sua época, esse era um conceito polêmico. “Eu sou” representava uma firme reivindicação de divindade, e eles sabiam disso (Jo 10:10-33). Ele é o caminho porque é Deus, mas também porque é homem. Ele se fez carne e se tornou o caminho para sair do caos em que Adão nos colocou (Rm 5). O caminho da retidão e da santidade, que Adão não seguiu, Jesus seguiu de forma perfeita. Ele poderia tomar o lugar de Adão, pois nasceu de uma mulher (Gl 4:4). Seu sacrifício perfeito pôde tirar os pecados de muitos, dado que Ele era Deus (Is 53:12; 1 Pe 1:24). O homem poderia ser reconciliado com Deus nEle (Rm 5:11; 1 Co 5:18-21). Apenas o Deus-homem poderia ser o caminho.

Objetivamente, Ele também é “a verdade”. No mesmo evangelho, ouvimos Jesus afirmar que Sua Palavra é a fonte da verdade (Jo 8:31-32). Essa verdade liberta alguém da escravidão do pecado (Jo 8:34-35). Ele diz: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8:36). Alguém pode perguntar: “Não é a Sua Palavra que liberta?” Ah, mas você não pode separar a Palavra e a verdade da Palavra viva e dAquele que concede a verdade. Encontraremos a mesma personificação da Palavra escrita em Hebreus 4:12-13. Jesus é a verdade, porque Ele é o Deus vivo e verdadeiro (Jr 10:10).

Isso nos leva à afirmação exclusiva de Cristo de ser “a vida”. Nas páginas iniciais da Bíblia, aprendemos sobre o Deus que falou, e toda forma de vida surgiu por Sua ação. Não é de surpreender que lemos sobre Cristo: “Pois, nele, foram criadas todas as coisas […] nele, tudo subsiste” (Cl 1:16-17). Ele é o Criador. Porém Ele também adquiriu a nova criação para Seu povo, isto é, Ele é o Salvador dos pecadores. Se Cristo pôde criar todas as coisas com a Sua palavra, então Ele, como o Verbo, pode dar vida eterna.

Nos Salmos lemos sobre essas mesmas verdades. O caminho da vida está na Sua presença (Sl 16:11). No mesmo salmo, a verdade se apresenta como conselho e serve de instrução ao santo (Sl 16:7). Então a vida é descrita como refúgio no Senhor, que preserva (Sl 16:1). No Salmo 119, o Senhor não é apenas a luz que ilumina o caminho, também é a Palavra que dá verdadeiro sentido ao caminho da vida. De fato, Ele é o caminho.

Objetivamente, Cristo Jesus é “o caminho, e a verdade, e a vida” porque Ele é Deus encarnado. No entanto, isso não esclarece como Ele se torna tudo isso para nós. Como “o caminho, e a verdade, e a vida” é relevante e transformador para nós? Como entender que isso não é apenas um fato histórico? Como entender que a pessoa e a obra de Jesus se aplicam às nossas vidas? A resposta é pela graça, por meio da fé, em Cristo somente. Ele é o caminho que nos leva ao Pai, por meio da fé. Sua verdade é nossa pela fé. Temos vida e em abundância (Jo 10:10) por meio da fé. Ele é tudo isso para um pecador subjetivamente por meio da fé: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo” (At 16:31). Ele não é um Deus distante, mas Deus conosco, através da fé.

Vivemos em um mundo de absoluta dúvida e incerteza sobre o caminho a seguir, a realidade da verdade e o significado da vida. Porém, a igreja responde com esperança. Objetivamente, Jesus é o caminho, a verdade e a vida, pois Ele é Deus encarnado. Somente Deus pode ser todas essas coisas. Subjetivamente, Jesus é o caminho, e a verdade, e a vida por meio do dom gracioso da fé. Essa fé nos leva à união com Cristo, que nos reconcilia com o Pai. Essa é a verdade absoluta, que todos os que estão em Cristo podem desfrutar sem dúvida.


 Artigo publicado originalmente em Ligonier.org.

C.N. Willborn
C.N. Willborn
O Dr. C.N. Willborn é pastor titular da Covenant Presbyterian Church em Oak Ridge, Tennessee, e professor adjunto de História da Igreja no Greenville Presbyterian Theological Seminary.