Jeremias 29.11 - Ministério Ligonier
Isaías 43:25
outubro 6, 2022
Mateus 7.1
outubro 8, 2022
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Jeremias 29.11

Nota do editor: Este é o terceiro de 13 capítulos da série da revista Tabletalk: O que esse versículo realmente significa?

Jeremias 29:11 contém uma promessa preciosa que os cristãos de todo o mundo valorizam. É também provavelmente um dos versículos mais mal aplicados em toda a Escritura. Neste versículo, Jeremias afirma que Deus está no controle e, além disso, tem coisas boas reservadas: “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais.”

Certamente são palavras de conforto. Mas o que Jeremias quer dizer? Alguns tomaram este versículo e o aplicaram a si mesmos e aos outros de uma maneira que não corresponde. “Deus ama você e tem um plano maravilhoso para sua vida”, dizem. “Ele traçou o curso de sua vida, e você só precisa ser obediente a Ele para alcançar Sua bênção.”

Alguns vão mais longe e dizem que este versículo promete prosperidade terrena. A saúde e a riqueza são a porção dos cristãos. Não devemos nos contentar com algo inferior, pois somos filhos do Rei. Nessa visão, sofrimento e privação sinalizam falta de fé.

Eles dizem que os três fatores mais importantes quando se trata de comprar imóveis são “localização, localização e localização”. Da mesma forma, os três fatores mais importantes quando se trata de entender uma determinada passagem na Bíblia são “contexto, contexto e contexto”. Quando os textos são isolados, podem significar quase tudo. Mas quando são lidos no contexto, seu significado pretendido se torna claro.

O contexto de Jeremias 29:11 indica que não se trata de uma promessa ampla de bênção terrena. Jeremias, o profeta, ministrou antes e durante o exílio babilônico, quando o reino do sul de Judá, sofreu a maldição da aliança de expulsão da terra prometida por sua contínua infidelidade ao Senhor (Dt 28:36; 2 Cr 36:15-21). Jeremias havia advertido os moradores de Judá de que o castigo estava chegando e implorou que se arrependessem de sua idolatria e maldade. Quando isso não aconteceu, ele profetizou que Nabucodonosor, rei da Babilônia, conquistaria Judá e Jerusalém e levaria o povo para o exílio (Jr 25:1-11).

Mesmo em meio a essa profecia de punição, havia um vislumbre de esperança: o exílio seria longo, mas não permanente. Deus se propôs a castigar Seu povo, mas não os destruiria totalmente. De fato, Ele os traria de volta à sua terra depois de setenta anos (v. 11).

Além disso, o Senhor prometeu abençoar o povo durante o exílio. Essa bênção prometida é o tema do capítulo 29, que transmite o conteúdo de uma carta que o profeta enviou ao povo no exílio (29:1). Deus encoraja o povo a edificar casas, casar e dar seus filhos em casamento, plantar pomares e procurar “a paz da cidade” (vv. 5-7). Essas bênçãos são uma reversão ou suspensão das maldições da aliança em Deuteronômio 28:30-34.

O Senhor prometeu que depois de um tempo, Ele os traria de volta (Jr 29:10). Esse é o contexto para Jeremias 29:11. O Senhor não havia terminado Sua relação com Seu povo da aliança. Ele os chamou à fidelidade e obediência em seu sofrimento. Havia um elemento de obediência à promessa; os moradores de Judá deveriam esperar no Senhor, confiar nEle e segui-lo longe do templo e longe do sacerdócio e dos sacrifícios. Quando eles aprendessem a ter paciência e obediência, Ele os traria de volta. Ele assegurou-lhes que estava próximo e que era capaz de restaurá-los (vv. 12-14; veja 24:4-7).

Não podemos simplesmente aplicar este versículo diretamente a nós mesmos. Não foi originalmente escrito para nós; foi escrito para um determinado grupo de pessoas que viviam em um determinado lugar e em um determinado momento. Isso significa que este versículo não tem nenhuma aplicação para nós como cristãos? Não, não significa isso. Na verdade, a aplicação para nós é gloriosa, mas indireta.

Paulo diz de Jesus Cristo, “porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim” (2 Co 1:20). Jesus é o verdadeiro Israel, o herdeiro de todas as promessas feitas ao povo da antiga aliança, o remanescente justo (Sl 2:7; At 2:16-21; 15:16-17; Gl 3:16). Em última análise, a promessa de bênção durante e após o exílio em Jeremias 29:11 foi feita a Cristo, e foi cumprida em Sua jornada terrena e em Sua restauração à Sua morada celestial, isto é, Sua vida, morte, ressurreição e ascensão.

Os cristãos também herdam essa promessa, em virtude de estarmos unidos a Cristo pela fé. Ele sofreu a maldição da aliança e cumpriu a lei da obediência em nosso favor, e tudo o que é dEle se torna nosso de acordo com a graça de Deus (Ef 1:11-14). Assim, embora também soframos durante nossa jornada terrena, somos abençoados pela obra do Espírito Santo, ressuscitaremos com Cristo e desfrutaremos de bênçãos indescritíveis na presença de nosso Senhor. Em conclusão, isso é o que significa a promessa de Deus de “pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais”. E é muito melhor do que qualquer promessa de prosperidade terrena.

Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Megazine.

Kevin D. Gardner
Kevin D. Gardner
Kevin D. Gardner es editor asociado de la Tabletalk Magazine y graduado del Westminster Theological Seminary en Filadelfia. Él es un anciano docente ordenado en la Iglesia Presbiteriana en América.