Nosso esforço por entrar no reino
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Nosso esforço por entrar no reino

Nota do Editor: Este é o sétimo de 17 capítulos da série da revista Tabletalk: O reino de Deus.

Quando você sabe que algo é “bom” de maneira real, verdadeira e até mesmo derradeira, muitas vezes há duas respostas em jogo. Algumas pessoas são pessimistas cínicos que sabem que é bom e tentam impedir que outros o provem. A violência pode estar envolvida, como se uma criança quebrasse o brinquedo preferido de seu irmão para estragar qualquer diversão. Porém, outros desejam intensamente esse algo que é bom e se esforçam ao máximo para saboreá-lo. Há também aqui uma espécie de violência: uma vontade de passar por uma dor (dar à luz um filho), de sofrer (terminar uma maratona) ou de suportar incansavelmente (escalar uma montanha), porque está convencido do valor do seu objetivo.

O reino de Deus é o bem principal. É um tesouro escondido que você venderia tudo para comprar (Mt 13:44), uma pérola inestimável que vale tudo o que você tem (v. 46), um banquete de casamento tão bom que as desculpas para não comparecer parecem absurdas (Lc 14:16-24). O reino de Cristo oferece bênçãos além de tudo o que o mundo oferece. Alguns tentam roubá-lo dos outros e roubar-lhes a alegria (Jo 10:8), enquanto outros se esforçam para entrar apesar do custo (Lc 13:24).

O clamor para obter a bondade do reino é retratado vividamente em Mateus 11:12 e Lucas 16:16, dois relatos complementares de um ensinamento difícil de Jesus. Ele descreve como, com a história girando da era de Israel para a nova era anunciada por João Batista, as boas novas do reino são pregadas, isto é, o reino é “evangelizado” de uma maneira nova. O bem absoluto chegou, e Mateus e Lucas esboçam respostas diferentes. No entanto, é complicado compreender o sentido da palavra grega biazetai que aparece em ambas as passagens, mas com diferentes nuances de força ou violência. A palavra poderia ser passiva, de modo que o reino “seja tratado à força” por homens violentos (Mt 11:12), mas o povo de Deus “seja forçado” a entrar nele (Lc 16:16).

Pode-se argumentar que é preferível abordá-lo como uma expressão meio passiva que transmite interesse próprio. O reino “impõe-se à força” sobre o mundo, mas é combatido por pessoas violentas que procuram arrebatá-lo a outros (Mt 11:12), e em resposta o povo de Deus “se obriga a” entrar nele à força (Lc 16:16). De onde vem tal compulsão, uma firmeza quase violenta, capaz de suportar qualquer circunstância? Da força de vontade humana? Não, pois, como o Grinch, isso apenas leva a um roubo da bondade do reino. Pelo contrário, vem do próprio evangelho. Como Cirilo de Alexandria articulou, a mensagem sagrada do reino planta um desejo profundo no coração regenerado de usar todo vigor e força para entrar na bendita esperança. Uma compulsão dada pelo Espírito permite ver o terreno do reino não como o terreno neutro de pessoas mornas, mas como algo que vem com força divina, sofre grande oposição e, portanto, deve ser adentrado com esforço. Quando o anseio pela bondade do reino satura nosso ser renovado, nenhuma quantidade de vaidades mundanas, desconforto, sofrimento, dor ou oposição violenta que nos impeça de aplicar toda a força divina em nosso esforço por entrar nele. Exige tudo, porque vale tudo.

Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Magazine.

Greg Lanier
Greg Lanier
O Dr. Greg Lanier é professor assistente de Novo Testamento no Reformed Theological Seminary em Orlando, Flórida, e pastor assistente na River Oaks Church (PCA) em Lake Mary, Flórida. Ele é autor de vários livros, incluindo How We Got the Bible and Old Testament Conceptual Metaphors and the Christology of Luke's Gospel.