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O coração é uma fábrica de ídolos

Nota do editor: Este é o décimo sexto de 18 capítulos da série da revista Tabletalk: Provas, tentações e o teste da nossa fé.

Qual é a maior ameaça à sua devoção a Deus? Às vezes queria que alguém tivesse me feito essa pergunta quando era mais jovem. No entanto, a Palavra de Deus nos dá a resposta. A maior ameaça à devoção de uma pessoa a Deus é a idolatria.

Idolatria é adorar ou ser mais devoto a qualquer coisa que não seja Deus. É também adorar algo diferente de Deus como se essa coisa fosse Ele. Dada a frequência e o fervor com que Deus nos adverte sobre a idolatria na Bíblia, podemos ter certeza de que a idolatria é uma séria ameaça à devoção do cristão a Deus, à saúde espiritual e à alegria no Senhor. Talvez o aspecto mais insidioso da idolatria seja que ela é completamente natural ao coração humano caído. O problema não é que somos capazes de fazer ídolos. O problema é que automaticamente fazemos ídolos. Era a isso que João Calvino se referia quando expressou: “O coração humano é uma fábrica perpétua de ídolos”.

A idolatria nas Escrituras

A idolatria era uma questão constante no Antigo Testamento. Jacó teve que dizer à sua casa para lançar “fora os deuses estranhos que há no vosso meio” (Gn 35:2). Houve o incidente com o infame bezerro de ouro (Ex 32). Jeroboão, um rei de Israel, também fez “bezerros de ouro” (1 Rs 12:28). É claro que grande parte da idolatria envolvia ter e adorar objetos artesanais. E ainda vemos também ídolos do coração (Ez 14:3).

A idolatria continuou sendo um problema no Novo Testamento. Vemos isso em listas de comportamentos pecaminosos (Gl 5:20; 1 Pe 4:3). O apóstolo Paulo encontrou cidades cheias de ídolos (At 17:16). O apóstolo João implorou: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1 Jo 5:21). E o livro do Apocalipse fala de pessoas que não abandonaram a adoração de ídolos (Ap 9:20).

Podemos nos perguntar por que a idolatria é tão ruim. Certamente, prestar adoração ou devoção que apenas Deus merece a algo diferente de Deus é inquestionavelmente errado, porém o Senhor está também preocupado com a forma como a idolatria nos afeta. Isso nos afasta dEle (Ez 14:5). Em outras palavras, quando adoramos ídolos, Deus se torna um estranho para nós. Lutamos para conhecê-lo, glorificá-lo e desfrutar dEle. Deus de verdade quer que o conheçamos; de fato, a vida eterna é conhecer a Deus (Jo 17:3). Acho que Deus odeia a idolatria pelo mesmo motivo que odeio a demência: faz com que as pessoas que amo se esqueçam de quem eu sou. Afinal, como cristãos, acreditamos que não há privilégio maior do que conhecer a Deus. Quanto mais o conhecemos, mais o amamos e confiamos nEle, e quanto mais o amamos e confiamos nEle, mais Ele transformará nossas vidas. Não é somente para a glória de Deus que devemos abandonar nossos ídolos; é também pela alegria de conhecê-lo. O primeiro passo é identificar nossos ídolos.

A identificação dos ídolos

Identificar ídolos exige muito esforço e humildade. Pode ser necessária a ajuda de um amigo cristão maduro ou de um pastor. O objetivo é reconhecer coisas que se tornaram, ou estão se tornando, mais importantes para você do que Deus. Essas coisas podem ser pecaminosas, mas também podem ser coisas boas. Nossos corações, fábricas de ídolos, muitas vezes transformam algo bom em algo divino.

Nas Escrituras, as pessoas oferecem sacrifícios aos seus ídolos. Há coisas na sua vida pelas quais você parece estar fazendo muitos sacrifícios tristes? Por exemplo, um funcionário que faz do trabalho um ídolo pode sacrificar um tempo muito necessário com a família. Um aluno que faz das notas um ídolo pode sacrificar sua integridade colando. Um gerente que idolatra o controle pode sacrificar a liberdade e a felicidade de seus funcionários. Se você olhar com humildade para a maneira como está negligenciando ou afetando negativamente os outros, poderá descobrir que é porque seu coração criou um ídolo.

Substituição de ídolos

A maneira bíblica de lidar com um ídolo não é simplesmente rejeitá-lo; devemos substituí-lo. Um ídolo é algo que tomou o lugar principal de Deus em seu coração. Então, se arrepender da idolatria envolve colocar Deus de volta onde Ele pertence. Como expressa o hino: “Tu, e somente Tu, és o primeiro no meu coração”. Porém como fazemos isso? Precisamos do que o ministro escocês do século XIX, Thomas Chalmers, chamou de “poder expulsivo de uma nova afeição”. Um novo ou maior amor por Deus é a única coisa que expulsa os ídolos dos nossos corações e nos permite fazer de Deus o principal outra vez. É por isso que o evangelho é o melhor antídoto contra os ídolos.

O evangelho inunda nossos corações com afeições por Deus, pois nos lembra da imensurável afeição de Deus por nós. Como Jesus declarou: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). Os ídolos não se importam conosco. Não conseguem nem nos dar o que de forma tola esperamos obter deles. Enquanto isso, Deus, em Cristo, provou o quanto Ele nos ama e o quanto está comprometido conosco. Ele provou que está dedicado a nos dar “toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais” em Cristo (Ef 1:3). Os ídolos podem ser a maior ameaça à nossa devoção a Deus, entretanto nada é uma ameaça maior aos nossos ídolos do que o compromisso de Deus conosco.

Quando você perceber que algo se tornou, ou está se tornando, mais importante para você do que Deus, olhe para a cruz. Lembre-se de que “Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8). Somos culpados de fazer sacrifícios egoístas por ídolos sem valor. Mas pela fé, somos perdoados, porque Cristo nos amou o suficiente “para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado” (Hb 9:26). Que possamos deixar que o evangelho renove nosso amor a Deus e expulse os ídolos de nossos corações.


Este artigo foi publicado originalmente na TableTalk Magazine.

Matt Ryman
Matt Ryman
O Rev. Matt Ryman é um plantador de igrejas em Mineápolis. Ele serviu como pastor sênior na University Presbyterian Church, em Orlando, Flórida.