A realidade do medo
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Considere quanto da sua vida gira em torno da sua estabilidade financeira. Você acordou em um quarto climatizado porque pagou a conta da eletricidade. Você tomou café da manhã porque comprou mantimentos. Você conseguiu chegar ao seu trabalho porque pagou pelo transporte público ou pela gasolina do seu carro. Você vestiu roupas apropriadas porque as comprou em uma loja. Seu trabalho provê um salário regular que paga por esse sistema de climatização, comida, transporte e roupas. E essa é somente a ponta do iceberg. Quase tudo que as suas mãos tocaram até hoje tem um custo.
Dada a extensão com que as necessidades básicas da vida estão conectadas aos nossos recursos, não é de se surpreender que até mesmo os cristãos lidem com o medo da instabilidade financeira. Em um mundo caído, até mesmo aqueles que trabalham e elaboram um orçamento com diligência podem, por vezes, se deparar que suas despesas excedem suas rendas. Doenças prolongadas consomem toda a poupança. Ações que caem comprometem os planos de aposentadoria. Demissões ocorrem ainda no auge da vida. A falência nos ameaça. Ter o que comer e onde morar não são problemas isolados. A transitoriedade da estabilidade financeira é parte da realidade de viver em um mundo amaldiçoado pelo pecado e saturado de sofrimento (Pv. 23:4-5; 1Tm. 6:7).
É apropriado se preocupar diante de todas essas coisas, mas frequentemente as nossas vidas manifestam respostas e estratégias pecaminosas a fim de evitar a possibilidade de ruína financeira. A nossa ansiedade vai às alturas. Tornamo-nos viciados em trabalho. Acumulamos dinheiro, temendo que nunca seja o suficiente (Lc. 12:13-21). Tornamo-nos mesquinhos e calculistas, tratando toda decisão e relacionamento como se fosse uma planilha de gastos. A generosidade míngua. E ainda assim, o fantasma da perda permanece. Como, então, podemos enfrentar tal possibilidade com uma crescente confiança em Deus em vez de uma crescente ansiedade?
Torna-se essencial entender e confiar que Deus é um Pai amoroso e generoso, que se importa com Seus filhos e provê aquilo que é mais necessário. Em uma discussão sobre bens e cobiça, Jesus disse aos Seus discípulos: “Por isso, eu vos advirto: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer, nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir”(Lc. 12:22). O que pode nos dar convicção a ponto de abandonarmos as nossas ansiedades diante de uma possível perda financeira? Os versículos que se seguem (22-34) destacam quatro aspectos.
1. A vida é mais do que a satisfação de necessidades temporárias (v. 23).
Por mais importantes que roupa e comida sejam (e, por implicação, os recursos financeiros que permitem sua compra,) há algo ainda mais essencial para uma vida abundante. Em contraste com aqueles que “procuram por estas coisas” como um fim em si mesmo, Jesus exorta para que Seus discípulos busquem o Seu Reino primeiro (v. 31, veja Mt. 6:33). Fazer do Reino a sua prioridade foi o que permitiu ao apóstolo Paulo dizer: “Por isso não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia” (2Co. 4:16).
2. Deus provê até mesmo para a menor de Suas criaturas (Lc. 12:24-28).
Se Ele alimenta os corvos e veste a erva com beleza, não proverá para seres humanos, que são o apogeu de Sua criação? Ele sabe o que precisamos (v. 30). Ele não nos dará uma pedra se pedirmos pão (Mt. 7:9).
3. Nós somos parte do rebanho de Deus (Lc. 12:32). Somos uma comunidade com nossos irmãos e irmãs em Cristo.
Confiar na providência de Deus inclui acreditar que Ele trará pessoas para nos ajudar à medida em que pedirmos por auxílio em um período de crise financeira. As coletas de Paulo para a igreja em Jerusalém demonstram essa interdependência no corpo de Cristo (2Co. 8 — 9).
4. O nosso Pai se deleita em nos dar o Reino (Lc. 12:32).
Se Ele já nos deu o bem mais precioso de todos — uma herança que é “incorruptível, sem mácula, imarcescível” (1Pe. 1:4) — como Ele não nos dará também graciosamente tudo aquilo que realmente precisamos (Rm. 8:32)? A riqueza que perdura e a real segurança são encontradas no Reino: “pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos” (2Co. 8:9).Uma crescente confiança na fidelidade do nosso Deus não garante imunidade contra a instabilidade financeira. No entanto, apesar da ameaça real de bolsas que se desgastam, tesouros na Terra que decepcionam, ladrões que chegam e roubam e traças que devoram, o povo de Deus, em última instância, jamais perderá Jesus Cristo. Ele é o nosso pão da vida (Jo. 6:35) e nossa água viva (Jo. 4:14), Ele nos veste com Sua justiça (Is. 61:10; Zc. 3:1-5; 2Co 5:21; Fp. 3:9). Ele é a nossa riqueza mais firme e verdadeira em meio às passageiras riquezas da vida. Verdadeiramente, Ele é Jeová-Jiré, o nosso provedor (Gn. 22:14).