
Os cristãos são totalmente depravados?
junho 23, 2023
Via, Veritas, Vita
junho 28, 2023Preservar a unidade em meio a divergências

Nota do editor: Este é o décimo primeiro de 12 capítulos da série da revista Tabletalk: O mundo judaico nos dias de Jesus.
O efeito do pecado no mundo pode ser comparado a uma granada de fragmentação. Quando a carga explosiva é acionada, a granada se fragmenta em minúsculos pedaços que fogem do centro em todas as direções, o que causa danos por todos os lados. Assim tem sido desde que Adão comeu o fruto proibido. Aquilo que Deus pretendia que estivesse em união foi destruído. A amorosa comunhão do homem com o próprio Deus foi destruída; a amorosa comunhão entre os seres humanos foi desfeita (começando com o casamento); a relação do homem com a criação e a relação da criação consigo mesma se desintegrou. Dessas maneiras principais e de todas as outras, o pecado destruiu o belo universo de Deus.
Cristo veio para colocar tudo de volta em perfeita unidade. Ele disse: “Quem comigo não ajunta, espalha” (Mt 12:30). João afirma que Jesus morreu “para reunir em um só corpo os filhos de Deus, que andam dispersos” (Jo 11:52). Paulo declarou que o propósito eterno de Deus é convergir tudo no céu e na terra em Cristo (Ef 1:9-10). Visto que este é o plano de Deus, Cristo orou de acordo em João 17, três vezes pediu ao Pai que todos os eleitos fossem um como o Pai e o Filho são um (vv. 11, 21, 26). Isso é impressionante. No céu, todos os remidos serão perfeitamente um, conformados em todos os aspectos à unidade da Trindade.
Em que consiste esta perfeita unidade da Trindade? Há três pessoas na Divindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Ao ser de uma substância e ter uma vontade, são inteiramente unificados em Sua missão. Esse tipo de unidade é análoga à unidade que os redimidos desfrutarão no céu.
No entanto, ainda não chegamos lá. E na obra do evangelho, em particular na vida de uma igreja local ou de um ministério cristão, inevitavelmente haverá desacordo. Irmãos e irmãs verão a vida de maneira diferente e devem abordar essas diferenças da maneira mais redentora para a glória de Deus e o avanço do evangelho. Parece que quase todas as igrejas locais mencionadas no Novo Testamento tiveram sérios problemas de desunião. Tiago perguntou: “De onde procedem guerras e contendas que há entre vós?” (Tg 4:1-3). Paulo teve que abordar as divisões pecaminosas na igreja de Corinto como sua primeira prioridade (1 Co 1:10-12). Até o próprio apóstolo Paulo teve um sério desentendimento com Barnabé (At 15:37-39). Da mesma forma, a história da igreja está repleta de homens piedosos que tiveram sérias divergências entre si: Martinho Lutero e Ulrico Zwinglio; George Whitefield e John Wesley; John Stott e Martyn Lloyd-Jones. Este é um problema atemporal que ainda nos atormenta. Vamos considerar cinco motivos e cinco métodos para preservar a unidade.
MOTIVOS PARA PRESERVAR A UNIDADE
Realidade espiritual presente e eterna: cristãos genuínos “são verdadeiramente um” em Cristo espiritualmente. A partir do momento da conversão, tornamo-nos espiritualmente um com Cristo (Rm 6:1-4) e, portanto, com todos os outros cristãos. E no céu, seremos um como o Pai e o Filho são um, em resposta direta à oração sacerdotal de Jesus em João 17. Essa realidade nos dá a base para resolver questões menores.
Obediência: Paulo ordena aos cristãos que sejam “[diligentes] por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (Ef 4:3).
Testemunho: Jesus orou para que Seus seguidores “sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste” (Jo 17:23, ênfase adicionada). O caminho para uma unidade mais perfeita entre os cristãos deste mundo é um poderoso testemunho de Cristo. Por outro lado, quando os cristãos discutem, isso afeta sua capacidade de defender a palavra do evangelho (Fp 2:14-16). O conflito cristão pecaminoso é um mau testemunho para um mundo que os observa.
Sabedoria: em todo conflito robusto entre cristãos genuínos, deve-se esperar que geralmente haja elementos de verdade e sabedoria em ambos os lados da questão. Gosto de pensar na solução para cada problema divisivo como uma receita com vários ingredientes, e ambos os lados devem colocar seus ingredientes para que a receita fique completa.
Crescimento: “Como o ferro com o ferro se afia, assim, o homem, ao seu amigo” (Pv 27:17) Deus usa conflitos para nos afiar, eliminar pedaços de nosso eu pecaminoso e nos afiar para um serviço melhor.
MÉTODOS PARA PRESERVAR A UNIDADE
Amai-vos uns aos outros: revise as descrições do amor em 1 Coríntios 13:4-7. Comece com isso: “O amor é paciente, é benigno”. Lembremo-nos sempre de que passaremos a eternidade juntos no céu, amando-nos perfeitamente.
Humildade: Revise as lições de Filipenses 2:1-11. Perceba que o conflito é agravado pelo egoísmo que todos contribuímos. Paulo nos ordenou considerar os outros melhores do que nós mesmos e os interesses dos outros como mais importantes do que os nossos.
A Palavra: Todas as questões devem ser finalmente resolvidas pela exegese sólida das Escrituras relevantes. Ao “[manejar] bem a palavra da verdade” (2 Tm 2:15), cresceremos em tudo até a maturidade cristã (Ef 4:15) e discerniremos a sabedoria de Deus para todas as circunstâncias.
As diretrizes de Romanos 14: este texto é o manual para lidar com questões discutíveis. Um dos princípios-chave é não julgar o servo alheio (v. 4).
Oração: A oração sincera quando surgem divisões é vital. Implorar a Deus por unidade, bem como por sabedoria, humildade e amor entre todas as pessoas envolvidas segue o padrão claro que Cristo nos dá em João 17.
Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Magazine.