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Quando você enxerga seu próprio pecado em seus filhos

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Nota do editor: Este é o décimo sétimo de 19 capítulos da série da revista Tabletalk: Sal e luz.

Quando meus filhos eram pequenos e lutavam contra um comportamento pecaminoso, eu brincava: “Espero que também adquiram alguns dos meus pontos fortes!”. Claro, é natural personalizar tudo o que nossos filhos dizem e fazem. E é verdade, nossas influências formadoras afetam profundamente nossos filhos. Não deveria nos surpreender que nossos filhos lutem da mesma maneira que nós. Os filhos imitam os pais. Na verdade, podemos prometer a nós mesmos que nunca repetiremos as lutas de nossos pais, apenas para descobrir que lutamos da mesma maneira. O fruto nunca cai longe da árvore.

Mas a realidade é que nossos filhos pecam por causa de sua natureza pecaminosa, não porque pecamos. De fato, nossas lutas contra o pecado podem nos permitir ser solidários com nossos filhos e nos dar discernimento para ajudá-los. Portanto, não é hipócrita corrigir nossos filhos quando também lutamos. Em vez de lamentar que o comportamento pecaminoso deles muitas vezes reflita o nosso, seria melhor gastar nosso tempo aprendendo a levar a eles a mesma ajuda do evangelho e a mesma esperança que conhecemos.

Devemos responder a duas perguntas para superar nossa inquietação em corrigir nossos filhos pelos mesmos pecados contra os quais lutamos. Em primeiro lugar: “Como posso corrigir meu filho quando falho da mesma maneira?”. Pense em quão profundamente sua perspectiva cristã deve moldar a maneira como você responde ao pecado de seu filho e ao seu papel de pai. A mente secular articula: “Que direito tenho eu de corrigir os outros? Não sou melhor”. No entanto, a mente cristã deve ter uma visão bíblica do pecado e da redenção. O que nos dá o direito de falar com os outros sobre o pecado e a solução do evangelho para o pecado? É simples, mas tão profundo.

Temos o direito de falar, porque Deus falou e somos Seus embaixadores. Provérbios 1:8 afirma: “Filho meu, ouve o ensino de teu pai e não deixes a instrução de tua mãe.” Deus chamou os pais para instruir e corrigir os filhos. Considere estes pensamentos fundamentais sobre correção.

O evangelho tem sempre a prioridade na correção. Falar aos outros sobre o pecado não é um fim em si mesmo. Em vez disso, a correção é o caminho soberano de Deus para a salvação. Gálatas 3:24 declara: “A lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo”. O pecado — nosso e de nossos filhos — é um lembrete de que precisamos da graça para expiar o pecado e buscar a santificação. A lei demonstra nossa incapacidade de obedecer com nossas próprias forças. A correção deve sempre levar ao evangelho.

A correção bíblica se concentra no coração como a fonte do comportamento pecaminoso (ver Tg 4:1-3). Deus identificou nossa luta contra o pecado primeiro nas atitudes e desejos de nossos corações e depois em nosso comportamento. O comportamento é uma janela para os desejos do coração. Mudar apenas o comportamento causa um curto-circuito no propósito de Deus de invadir o coração e trazer arrependimento verdadeiro e mudança duradoura.

O povo de Deus é chamado para ser luz e sal para os outros. Deus providenciou nossa redenção por meio da vida perfeita de Cristo, morte expiatória, ressurreição e ofício sacerdotal. Somos Seus embaixadores. Devemos levar o ministério da reconciliação aos outros (veja 2 Co 5:18-19). Para os pais, esse chamado é criar nossos filhos no temor e na admoestação do Senhor. É a instrução, correção e disciplina, que mantém suas necessidades e a provisão de Deus na frente e no centro. Compreender nossa missão de levar o evangelho a todo o mundo, que começa “em Jerusalém” (pense: sua casa), anima nosso desejo de transmitir a verdade que dá vida a nossos filhos.

Em segundo lugar, “como meu filho e eu podemos encontrar ajuda e esperança para nossas lutas contra o pecado?”, imite a resposta de Cristo ao seu pecado. Fique ao lado de seu filho que luta, em vez de ficar de pé sobre ele. Imite o que Cristo fez na encarnação. Ele entrou em nosso mundo. Olhou o mundo através de nossos olhos para que pudesse se identificar com nossa luta. Hebreus 4:15 proclama que nosso Sumo Sacerdote é capaz de nos ajudar, porque Ele foi tentado de todas as maneiras, mas sem pecado. Aqui estão algumas considerações importantes para corrigir seus filhos:

Seja transparente e rápido em reconhecer seu próprio pecado. Deixe seu filho saber que você entende e tem empatia por sua luta. Seja rápido em pedir perdão quando seu pecado tiver implicações para seu filho. Talvez sua impaciência tenha levado a palavras severas ou ódio. Talvez seu pecado tenha contribuído para sua luta ou desencorajado sua confiança na esperança do evangelho. Peça perdão pelas atitudes do seu coração (medo, orgulho, amor próprio, etc.) e pelo comportamento pecaminoso resultante.

Compartilhe a visão das Escrituras para descrever o pecado e suas consequências e as Escrituras que prometem esperança para vencer. Que passagens das Escrituras ajudaram você a identificar os desejos e lutas do seu coração? Use sua jornada pessoal de reflexão para ajudar seu filho em sua jornada. Que promessas de Deus e descrições do poder capacitador de Cristo o encheram de esperança e fortaleceram sua fé? Dê a seu filho uma visão adequada de suas próprias lutas, que pode encorajá-lo de que há esperança e ajuda para vocês dois em Cristo.

Ajude seu filho a entender que o crescimento cristão não significa que nunca mais lutaremos contra o pecado. O crescimento cristão é aprender como acessar o evangelho em nosso tempo de necessidade. Ajude seu filho a aprender a correr para a cruz de Cristo em tempos de tentação. Ajude-o a entender o poder e a importância pessoal de Hebreus 4:16: “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.”

Como podemos responder a nossos filhos quando cometem os mesmos pecados dos quais somos culpados? Pense em seu chamado como um privilégio e uma responsabilidade de levar a seu filho as mesmas instruções e correções transformadoras que você recebeu do Salvador. Imite a resposta de Cristo ao seu pecado com ajuda humilde e que abraça o evangelho e oferece esperança para seu filho.

Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Magazine.

Margy Tripp
Margy Tripp
Margy Tripp é conselheira bíblica, conferencista e coautora de Instruindo o coração da criança.