
3 coisas que você deve saber sobre Ezequiel
setembro 3, 20253 coisas que você deve saber sobre Daniel

Nota do Editor: Este artigo faz parte da série da revista Tabletalk: 3 coisas que você deve saber.
O livro de Daniel é único no Antigo Testamento devido ao seu conteúdo e ao papel fundamental que desempenha entre as profecias do Antigo Testamento sobre a restauração de Israel e o cumprimento dessas profecias no Novo Testamento sobre a vida, morte, ressurreição e ascensão de Jesus Cristo. O livro é abundante em complexidade e profundidade, uma abundância que torna difícil resumi-lo em poucas palavras. No entanto, há três aspectos do livro que o tornam acessível ao leitor moderno.
1. As histórias iniciais (caps. 1-6) dão credibilidade às profecias posteriores do livro (caps. 7-12).
As histórias nos primeiros capítulos de Daniel, escritas sobretudo em aramaico, retratam uma geração de jovens judeus que são levados cativos para a Babilônia em 605 a.C. Lá eles enfrentam terrível perseguição de seus captores, bem como sucessos incríveis nas mãos do Senhor, em quem depositam sua confiança. A história sobre Daniel e seus amigos Sadraque, Mesaque e Abede-Nego deixa claras conexões literárias e linguísticas com a história de José no Egito. Por exemplo, ambos são descritos como de boa aparência (Gn 39:6; Dn 1:4), ambos envolvem a interpretação de sonhos de reis que criam angústia para esses reis e revelam o plano divino para o futuro, e muitas das mesmas palavras hebraicas são usadas em cada história para conectá-las. Assim como José, Daniel e seus amigos foram fiéis ao chamado de Deus enquanto serviam em uma corte estrangeira e, como resultado, foram elevados a posições de muita riqueza, inclusive receberam uma cadeia de ouro ao pescoço (Gn 41:42; Dn 5:29).
A fidelidade deles diante da perseguição reforça a mensagem profética de Daniel sobre a restauração tanto para os israelitas na diáspora quanto para os que retornaram a Jerusalém em 536 a.C., após a queda da Babilônia para a coalizão medo-persa. Isso teria sido particularmente importante à luz da mensagem principal de Daniel, que afirma que a restauração do exílio será adiada sete vezes (Dn 9:24).
2. A restauração de Jerusalém, que seria adiada sete vezes, segundo Daniel, cria uma ponte entre os eventos do Antigo Testamento e aqueles do ministério de Jesus.
Desde a época de Moisés, um exílio nacional e a restauração de algum tipo foram realizados diante de Israel (Dt 28:64-68; 30:1-10). Em Levítico 26, o Senhor revela a Moisés que se Israel não se arrepender em caso de exílio, Ele retém o direito de estender a disciplina sete vezes mais (Lv 26:18, 21, 24, 28).
Na época de Jeremias, o risco de exílio passou de uma possibilidade remota para uma tragédia iminente. O tempo de arrependimento havia passado (Jr 19) e o profeta declarou que não apenas o exílio estava se aproximando, mas que duraria setenta anos (Jr 25:11; 29:10). Daniel está lendo passagens como essas, que o inspiram a oferecer a oração de arrependimento que temos em Daniel 9. Ele sabe que o exílio não terminará até que o povo de Israel se arrependa de seus pecados e retorne de todo o coração ao Senhor de sua salvação. Por causa de sua oração piedosa, o Senhor envia um mensageiro (Gabriel) a Daniel para transmitir a notícia de que o exílio foi estendido sete vezes. Não serão setenta anos até o fim das “desolações de Jerusalém”, porém setenta vezes sete, ou 490 anos. O restante do livro revela uma série de visões que descrevem os eventos que ocorrerão entre o tempo de Daniel e a vinda do reino de Deus.
3. As visões dos caps. 7 a 12 encorajam o povo de Deus a confiar no Seu plano para a restauração, mesmo enquanto os eventos globais do período intertestamentário acontecem.
Uma coisa impressionante sobre a segunda metade de Daniel é quão específicas e detalhadas são as visões sobre os eventos que ocorrerão antes da vinda do Messias na restauração. Por que o profeta descreveria com tantos detalhes o curso dos eventos futuros? Outros profetas eram mais gerais e não tão detalhados em suas previsões sobre o futuro, mas Daniel é incrivelmente preciso. A resposta deve estar na mensagem do livro sobre a restauração, que seria adiada sete vezes. Ao descrever isso em detalhes, o profeta está encorajando a comunidade da aliança a manter a confiança no Senhor, mesmo com a ascensão e queda de impérios ao longo da história. O Senhor ainda é soberano sobre a história humana, então Seu povo deve ser fiel em seus deveres e desfrutar dos privilégios que tem como povo da aliança de Deus. Em meio a tudo isso, devem confiar no Senhor da sua salvação e saber que um dia Ele os restaurará.
Assim como o remanescente justo de Israel deve continuar em meio ao vaivém da história, os seguidores do Messias de hoje devem encontrar esperança nas profecias de Daniel. Nós também temos deveres e privilégios como povo de Deus que aguarda o retorno do nosso Rei e o cumprimento do plano de restauração que Ele começou há dois mil anos (2 Pe 3:1-13). Também somos considerados exilados que viram o Rei messiânico e o servem em meio aos acontecimentos globais (1 Pe 1:1; veja Tg 1:1). Assim como Daniel e seus amigos, não seremos esmagados pelas engrenagens dos poderes geopolíticos, pois servimos a um Rei superior que ordenou livre e inalteravelmente tudo que acontece (Confissão de Fé de Westminster 3.1).
Artigo publicado originalmente em Ligonier.org.