3 coisas que você deve saber sobre Daniel
setembro 5, 2025
3 coisas que você deve saber sobre Daniel
setembro 5, 2025

3 coisas que você deve saber sobre Jeremias

Nota do Editor: Este artigo faz parte da série da revista Tabletalk: 3 coisas que você deve saber.

Jeremias é um dos livros mais desafiadores da Bíblia. Em termos de quantidade de palavras, é o mais longo de toda a Bíblia. Ele oscila entre imagens poéticas e narrativas, muitas vezes sem aviso prévio, e não segue uma ordem cronológica. A maior parte do seu conteúdo é sobre um juízo severo e pecados graves, com poucos lampejos de esperança. As pessoas, em geral, ficam perplexas quando tentam lê-lo.

Porém Deus nos deu este livro para nos encorajar (Rm 15:4). Se considerarmos três coisas enquanto lemos, começaremos a entender a genialidade e o amor de Deus ao nos dar este livro desafiador.

1. O tema do livro é juízo para restauração.

Apesar de toda a sua complexidade, todo o livro de Jeremias expõe dois temas essenciais: juízo e restauração. O versículo temático destaca esses dois tópicos: o Senhor colocou Jeremias “sobre as nações e sobre os reinos, para arrancares e derribares, para destruíres e arruinares e também para edificares e para plantares” (Jr 1:10). Os quatro primeiros verbos são sobre juízo (arrancar, derrubar, destruir e arruinar). Os dois últimos são sobre restauração (edificar e plantar).

Os textos do juízo se referem principalmente à queda de Jerusalém para os babilônios em 586 a.C. O Senhor enfatiza que essa calamidade foi a justa consequência pelo grave pecado de Judá. As diversas alusões às maldições da aliança em Deuteronômio 28 revelam que o Senhor está sendo fiel ao que Ele disse que faria quando Seu povo o traísse. De fato, Ele tem sido mais do que paciente.

Durante o ministério de Jeremias, a queda de Judá se tornou um acontecimento inevitável. Nenhum arrependimento ou orações poderiam evitá-lo. Por esse motivo o Senhor proíbe Jeremias de orar pelo povo (Jr 7:16; 11:14). Assim, o único caminho a seguir para Judá era aceitar o juízo, inclusive o exílio da terra prometida (Jr 21:8-10).

Porém a parte mais surpreendente da mensagem de Jeremias é que o Senhor — o mesmo Deus que impôs sobre eles um juízo severo — também pretende reverter a maldição (Jr 31:28) e curar Seu povo (Jr 30:12-17; cf. Dt 32:39). Ele irá além de simplesmente restaurar Judá à sua condição pré-exílio. Ele pretende dar um novo presente: a nova aliança, onde Deus lidará com o problema do pecado que levou ao exílio. O Senhor escreverá Sua lei no coração do Seu povo (Jr 31:31-34) e os capacitará a perseverar na fé (Jr 32:40). O pecado não prevalecerá mais.

Portanto, o livro de Jeremias foi dado para ajudar Judá a enfrentar esse final terrível e climático de sua história. Mesmo quando sua nação foi desarraigada em todos os níveis (rei, templo, terra, aliança), Jeremias mostra que o Senhor tinha um propósito redentor. Ele removeu esses dons obscuros para preparar o caminho para dons escatológicos supremos que nunca passarão. O verdadeiro fim da história de Israel não será, em última análise, ira, mas graça e glória.

2. Às vezes, os oradores mudam de assunto no livro sem uma introdução para marcar a mudança.

As pessoas muitas vezes têm dificuldade para entender as seções poéticas de Jeremias. Essas passagens preciosas começam a fazer sentido quando percebemos que Jeremias está retratando conversas entre o Senhor, Jeremias e o povo. Às vezes, ele retrata o povo usando a representação metafórica da “filha de Sião” (Jr 10:19–20), onde Jerusalém é retratada como uma mulher.

Nesses diálogos dramáticos, às vezes, o interlocutor muda de fala sem uma introdução para marcar a mudança. Em Jeremias 8:18 – 9:3, por exemplo, o orador muda cinco vezes. Portanto, precisamos aprender a detectar a mudança do emissor com base em pistas no texto. Se você se perguntar: “Quem está falando neste versículo?” e esperar que o falante mude de assunto com frequência, você poderá entender textos difíceis. Os comentários podem, é claro, ser uma grande ajuda para nós nesse sentido.

3. O livro aponta para Jesus Cristo e a igreja.

O Senhor Jesus, que é o Autor supremo de Jeremias (1 Pe 1:11), nos revela que o livro é, em última análise, sobre Ele (Lc 24:25-27). E se o livro de Jeremias é sobre Jesus, então também é sobre Sua igreja, que está em unidade com Ele.

Quando lemos Jeremias, devemos esperar um encontro vivificante com Jesus. Contudo, também devemos esperar palavras vivificantes sobre nós. O Senhor Jesus é o Renovo justo da linhagem de Davi, que será chamado: “Senhor, justiça nossa” (Jr 23:5-6). A igreja também é chamada pelo mesmo nome (Jr 33:16). A justiça de Deus inundará não apenas Seu Rei eterno, mas Seu povo também.

Essas profecias diretas sobre a vinda de Jesus são apenas o começo. O juízo que recaiu sobre Judá e as nações — que os profetas chamam de “o dia do Senhor” — é apenas uma pequena antecipação do dia final do juízo, para o qual a morte de Jesus na cruz apontou (observe a terra tremendo e os céus escurecendo quando Ele morreu, imagens do dia do Senhor, Mt 27:45, 51). Assim, quando Jeremias fala sobre o juízo do Senhor sobre Judá e as nações, podemos entender melhor a cruz de Cristo. E da mesma forma, a preciosa descrição de Jeremias sobre a restauração (Jr 30-33) aponta para o reino eterno de Deus, que chegou na ressurreição de Jesus, embora não de forma completa e definitiva.

Desse modo, o livro de Jeremias testemunha nossa história. No retorno de Cristo, o juízo sobre o qual Jeremias expressa se cumprirá. E esse juízo sobre a velha criação nos levará à restauração eterna que Jeremias também previu. Portanto, o livro de Jeremias continua sendo útil para leitores de todas as épocas.


Artigo publicado originalmente em Ligonier.org.

Matthew H. Patton
Matthew H. Patton
O Dr. Matthew H. Patton é pastor da Covenant Presbyterian Church em Vandalia, Ohio.