1 Coríntios 2:4 - Ministério Ligonier
Mateus 18.20
outubro 9, 2022
1 Coríntios 13:13
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1 Coríntios 2:4

Nota do editor: Este é o sexto de 13 capítulos da série da revista Tabletalk: O que esse versículo realmente significa?

O estilo de ministério é importante. 1 Coríntios 2:4 nos diz que Paulo optou por uma conduta para todo o seu ministério que fosse harmoniosa com sua mensagem. A mensagem de Paulo era Cristo, em Sua cruz e ressurreição (1 Co 15:1-4), então sua conduta também tinha que ser cruciforme, em vez de ser pretensioso ou tentar se autopromover. A maneira como um pregador apresenta sua mensagem e se comporta ilustra ou tira o foco do significado da mensagem que Deus lhe confiou.

Essa é a lógica do ministério que está por trás da recusa de Paulo em confiar em “linguagem persuasiva de sabedoria”. Os coríntios, como o resto do mundo greco-romano, acreditavam que a sabedoria é a capacidade de alcançar status e sucesso, aparentar ser grande, posicionando-se ao lado dos homens célebres da sociedade, atuando e pretendendo ser como eles. Essa sabedoria cultural se manifestou nos oradores populares da época, ou sofistas. Eram celebridades que sabiam se apresentar e falar para obter seguidores, status e sucesso, mesmo que sua mensagem fosse vazia.

Então, quando Paulo diz que decidiu não usar “linguagem persuasiva de sabedoria”, ele não estava dizendo que não era necessário estudar para pregar e ensinar, ou que a maneira como ele usava as palavras não importava (2 Tm 2:15). Decidiu não basear o poder de persuasão de sua mensagem em sua percepção como um grande homem. Não é que ele não pensasse cuidadosamente e raciocinasse com cautela em sua pregação e ensino (At 18:19). Ele decidiu não ocultar sua fraqueza para que o poder do Espírito Santo ficasse evidente em sua mensagem (2 Co 4:7; 12:9-10).

Um breve olhar sobre o contexto da carta de Paulo nos mostra por que isso era importante. A igreja de Corinto se dividia por causa de líderes (1 Co 1:12-13; 3:3-5). É praticamente certo que isso não era um desacordo teológico. Paulo e Pedro, como apóstolos, ensinaram a mesma doutrina que Cristo ensinou (nossa fé depende disso; Ef 2:20). Além disso, Paulo não tratou a divisão doutrinária como inconsequente (Rm 16:17-18). A divisão era quase certamente sobre lealdade a algumas pessoas, seja a Apolo ou a Paulo (1 Co 4:6). Ao que tudo indica, Apolo era um orador talentoso (At 18:24), e os coríntios determinaram que Paulo não era (2 Co 10:10). Esses cristãos dominados pela cultura temiam que a “fraqueza e grande tremor” de Paulo (incluindo seus sofrimentos; 1 Co 4:9-13) não atraísse o interesse das pessoas. Então, Paulo procurou mostrar a eles que seu estilo de ministério modesto, que abraçava a fraqueza e suportava o sofrimento foi projetado não para engrandecer a si mesmo, mas sim a sua mensagem: Cristo, Sua cruz e como Ele salva o pior e o mais fraco dos pecadores (1:17-31).

Entender esse contexto nos ajuda a entender por que 1 Coríntios 2:4 não deve ser usado como desculpa para uma abordagem anti-intelectual, deliberadamente sem estudo, do ministério do evangelho. Paulo não se opõe aqui ao que ele praticou e prescreveu em outro lugar: raciocinar e persuadir de forma robusta usando as Escrituras (At 17:16-31) e a administração de nossas mentes para o crescimento espiritual (Rm 12:2). No entanto, ele nos ensina que aqueles que ministram a Palavra devem tomar uma decisão consciente, em seu contexto cultural, sobre como manter o foco de seu ministério na mensagem que lhes foi confiada (Cristo a partir de toda a Escritura) e o meio pelo qual essa mensagem é efetivada (o Espírito Santo operando em poder através das Escrituras).

Há uma pressão consistente sobre ministros e igrejas para depender das estruturas persuasivas da cultura para alcançar o sucesso popular. Paulo tomou uma decisão deliberada de não empregar esse tipo de sabedoria para tornar o evangelho mais atrativo. Em vez disso, ele decidiu priorizar e confiar na proclamação de Cristo capacitada pelo Espírito, exibida por meio de um servo cuja conduta, por sua vez, dizia: “Este ministério não é sobre mim” (veja 1 Co 1:31; 2:5).

A conduta de um pregador é importante. A maneira como ele anda trairá a mensagem que ele afirma administrar (1:17) ou fornecerá um toque de autenticidade para aqueles que o ouvirem (2 Co 4:2, 7; 2 Tm 2:21). Ele pode optar por usar sua plataforma de liderança para valorizar muito seu conhecimento, seus dons e sua personalidade, ou pode decidir usar essa plataforma para o propósito pretendido por Deus: exaltar a Cristo. Os líderes e pregadores cristãos devem continuamente tomar decisões conscientes sobre como vão exercer o ministério. Podem se conformar com a sabedoria da cultura e buscar o culto do grande homem, ou podem abraçar a imagem cruciforme do Salvador a quem servem (Lc 22:24-27), viver e ministrar na dependência dos meios que Ele tem ordenado. 1 Coríntios 2:1-4 nos lembra que a mensagem mais poderosa é aquela entregue centrada em Cristo, dependente do Espírito e cruciforme.

Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Megazine.

John Currie
John Currie
O Dr. John Currie é coordenador do departamento e professor de Teologia Pastoral no Westminster Theological Seminary na Filadélfia e ministro da Orthodox Presbyterian Church (OPC).