1 João 4.8 - Ministério Ligonier
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outubro 14, 2022
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1 João 4.8

Nota do editor: Este é o décimo primeiro de 13 capítulos da série da revista Tabletalk: O que esse versículo realmente significa?

O apóstolo João nunca se cansa de exortar os cristãos a amarem uns aos outros, e a passagem que temos diante de nós é uma das exortações mais contundentes que ele oferece. João a fundamenta não simplesmente no mandamento do Senhor Jesus (por exemplo, Jo 13:34-35), mas na própria natureza de Deus: “Deus é amor”. Ao dizer isso, João nos ensina que o amor pertence à própria essência de Deus. Deus não é amoroso em nenhum sentido contingente, como se pudesse ter sido de outra forma. Ele é essencial e necessariamente amoroso. De fato, podemos dizer que Ele é o próprio amor. Ele é a fonte original da qual todas as outras instâncias de amor fluem.

Mas em Deus, isso é verdade para todos os Seus atributos. O que Deus é, e tudo o que Ele é, é essencial e necessário. Ele não poderia ter sido diferente. Assim como Deus é amoroso, Ele também é justo, bom, sábio, misericordioso, etc. Ou, se quisermos expressar Seus atributos como substantivos, Deus é justiça, bondade, sabedoria, misericórdia, etc., assim como Ele é amor. Ao contrário dos seres humanos ou anjos que podem ser amorosos ou desprovidos de amor, bons ou maus, sábios ou tolos, misericordiosos ou cruéis, Deus é necessariamente amoroso, pois Ele é necessariamente “infinito, eterno e imutável, em seu ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade” (Breve Catecismo de Westminster, pergunta 4).

Os teólogos consideraram a unidade essencial de todos os atributos de Deus sob o título de Sua simplicidade, embora a ideia aqui possa parecer tudo menos simples. A questão não é que essa ideia seja fácil de comunicar ou compreender (afinal, é de Deus que estamos falando), mas que os atributos de Deus não habitam nEle como componentes que são distintos entre si ou dEle. Deus não é um ser composto de componentes separados e diferentes. Inclusive as pessoas distintas da Trindade não devem ser consideradas como partes ou componentes do único Deus verdadeiro. Cada pessoa é totalmente Deus, e compartilham uma única essência, uma essência que é simples, não composta.

Se nos apegarmos a essas verdades, não seremos desviados por ensinamentos que colocam um atributo de Deus acima de outro ou colocam um em tensão com outro. Tais idéias nos levarão a distorcer o ensino das Sagradas Escrituras e talvez a rejeitar uma parte da Bíblia em favor de outra. O amor de Deus às vezes tem sido representado dessa maneira, como se o amor fosse o atributo primário de Deus e os outros de alguma forma secundários, como se a plena expressão do amor de Deus de alguma forma limitasse ou mesmo impedisse a plena expressão de Sua justiça. Em formas extremas, a justiça de Deus no castigo eterno dos ímpios pode ser rejeitada por ser inconsistente com Seu amor. No entanto, ambos são claramente ensinados nas Sagradas Escrituras.

A Bíblia reúne, de maneira bela, os vários atributos de Deus como sendo todos pertencentes à Sua glória. Quando Deus revelou Sua glória a Moisés, Ele proclamou Seu nome, dizendo:

Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocenta o culpado, e visita a iniquidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até à terceira e quarta geração! (Êx 34:6-7).

Aqui há muitos atributos de Deus mencionados, nenhum sendo mais básico ou primário do que outro. Nenhum está em tensão com o outro. O Deus de amor inabalável e fidelidade é também o Deus de julgamento que visita a ira sobre o culpado. A glória de Deus inclui todos eles. Podemos ver essa harmonia em outras partes das Sagradas Escrituras (por exemplo, Is 30:18; Os 2:19).

A cruz demonstra dramaticamente a perfeita unidade dos atributos de Deus. João aponta para isso como a expressão suprema do amor de Deus: “Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele” (1 João 4:9). No entanto, é também a expressão suprema da retidão e da justiça de Deus, pois Ele propôs, 

No seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus (Rm 3:25-26).

Que Deus é amor é sem dúvida uma verdade a ser anunciada em todos os lugares, bem como a ser guardada em nossos corações. Mas o mesmo ocorre com todos os atributos de Deus. Um não é mais belo que o outro; um não é primário sobre os outros. Nenhum está em tensão com os outros, e todos são essenciais. Há perfeita harmonia no ser de Deus, com todos os Seus atributos pertencendo essencial e necessariamente à Sua glória.

Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Megazine.

Mark E. Ross
Mark E. Ross
El Dr. Mark E. Ross es profesor de teología sistemática en el Erskine Theological Seminary en Columbia, S.C. Es autor de Let's Study Matthew.