Pastorear com disciplina amorosa
junho 7, 2024Como cultivar a mansidão
junho 12, 2024Anseio pelo lar
Nota do editor: Este artigo faz parte da série da revista Tabletalk: Os últimos tempos.
Os dias entre o Natal e o ano novo podem ser desencantadores. A empolgação que antecedeu o Natal já passou, a vida cotidiana está voltando e as luzes começam a se apagar. Para as crianças, o efeito do brinquedo novo desaparece com rapidez. Talvez as reuniões não tenham sido tão alegres, a comida não tenha sido tão saborosa, a casa não tenha sido tão aconchegante e os presentes não tenham sido tão maravilhosos quanto esperávamos. Seja qual for a origem da decepção, o inevitável desapontamento com as festas de fim de ano pode abalar o mais alegre dos espíritos. O desespero pode se instalar. Porém para o cristão, a escuridão pós-natalina é uma ocasião para uma ardente esperança. A diferença entre o desespero e a esperança está no reconhecimento de que temos um desejo que não pode ser atendido pelo que é possível alcançar neste mundo atual.
Segundo Hebreus 11, muitos dos santos da antiguidade passaram por esta vida terrena com um profundo reconhecimento dessa realidade. Sem dúvida, Abraão sonhava como seria a terra prometida de Canaã, como seria o seu lar. Com o passar do tempo, ao percorrer Canaã e seus arredores, Abraão chegou a essa conclusão: a que podemos chegar depois da época do Natal. Ele se convenceu de que nem tudo o que Deus havia lhe prometido se encontrava na terra de Canaã. Não, era para ser encontrado em outra terra prometida, da qual a Canaã terrestre era apenas uma sombra. Como podemos ter certeza de que Abraão chegou a essa conclusão? Bem, Hb 11 nos relata que o anseio de Abraão por outra terra foi revelado em sua disposição de morar em tendas na terra da promessa:
Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa; porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador (Hb 11:9-10).
A terra que Deus havia prometido a Abraão parecia uma terra estrangeira para ele, assim como nossos lares podem, às vezes, parecer uma terra estrangeira. Parecia uma terra estrangeira para Abraão, pois ele estava procurando outro lar — uma cidade com alicerces — que pudesse chamar de seu lar eterno.
Foi essa esperança, esse apego às promessas de Deus, que lhe permitiu morar em uma tenda. Geerhardus Vos identificou essa esperança como “mentalidade celestial”, um anseio por nosso lar celestial tão fervoroso que todas as posses terrenas são meros lembretes do que está reservado para aqueles que amam a Deus (1 Co 2:9). Vos escreveu:
Aquele que sabe que para ele está sendo construído um palácio não se preocupa com desejos de melhorias em uma escala inferior. Apenas os habitantes predestinados da cidade eterna sabem como se comportar em uma tenda simples como reis e príncipes de Deus.
Poderíamos dizer que somente os habitantes predestinados da cidade eterna sabem comer as sobras de Natal em uma casa vazia como reis e príncipes de Deus.
Publicado originalmente em Tabletalk Magazine.