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Nota do Editor: Este é o primeiro de 13 capítulos da série da revista Tabletalk: A doutrina do homem.

Conta-se a história de um jornalista que escreveu a vários autores e pensadores fazendo a seguinte pergunta: “O que há de errado com o mundo?”. G. K. Chesterton supostamente respondeu: “Eu”. Ele reconheceu o que a maioria das pessoas não consegue reconhecer: que todos os problemas do mundo começam conosco. No entanto, o problema fundamental com a maioria das pessoas é que elas não entendem que são o problema fundamental do mundo. A maioria das pessoas pensa que são essencialmente boas pessoas, basicamente com bons corações e boas intenções. A maioria das pessoas acredita o mesmo sobre os outros e atribui o mal que acontece às forças e influências externas.

Essa maneira de pensar não é apenas terrivelmente ingênua, mas também terrivelmente antibíblica, e é mantida até mesmo na igreja. Grande parte da igreja não tem consideração suficiente pela depravação do homem e, em consequência, não tem consideração suficiente pela graça e caráter de Deus. Embora confessemos que o homem em seu estado natural diante de Deus é totalmente depravado e está separado de Cristo, podemos ser gratos porque, por causa da graça restritiva de Deus, o homem nem sempre age de acordo com toda a sua maldade.

Desde as primeiras páginas de sua obra Institutas da religião cristã, João Calvino se esforça para nos ajudar a compreender a relação entre conhecer a Deus e conhecer a nós mesmos, e argumenta que, se não conhecermos bem a Deus, não podemos conhecer a nós mesmos corretamente. Esse é precisamente o problema quando se trata da perspectiva generalizada de que a humanidade é essencialmente boa. Quando nossa visão de Deus é ligeiramente distorcida, nossa visão do homem e tudo mais será severamente distorcida. Esta é uma das principais razões para tantos problemas e males socioculturais e éticos de nossos dias. Se não conhecermos a Deus segundo a Sua Palavra, com certeza não saberemos corretamente que o homem foi feito à imagem de Deus, que toda a humanidade possui a dignidade dada por Deus, que no pecado de Adão toda a humanidade caiu em estado de pecado e inimizade com Deus, e que todos os homens não têm esperança de reconciliação com Deus, exceto pela graça de Deus que intervém e regenera. A única maneira de ser reconciliado com Deus é por meio da vida e obra de Jesus Cristo, por cuja justiça nos imputada pela fé somente podemos ser considerados justos. Então, podemos estar diante de nosso santo, justo e gracioso Deus simul justus et peccator, ao mesmo tempo justificados e pecadores, e adorá-lo coram Deo, diante de Sua face e para Sua glória, agora e para sempre.

Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Magazine.

Burk Parsons
Burk Parsons
O Dr. Burk Parsons é editor da revista Tabletalk e serve como pastor principal da Saint Andrew’s Chapel in Sanford, Fla. Ele é editor de Assured by God: Living in the Fullness of God's Grace. Ele está no Twitter em @BurkParsons.