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agosto 16, 2023Hissopo
Nota do Editor: Este é o quinto de 19 capítulos da série da revista Tabletalk: Palavras e frases bíblicas mal compreendidas.
À primeira vista, não há nada de especial no hissopo. Salomão falou sobre os altos cedros do Líbano e o hissopo que brotava de uma parede (1 Rs 4:33; Hb 9:19). Os cedros e o hissopo estavam em extremos opostos do espectro: de grandes e belos a pequenos e austeros. O hissopo é uma planta pequena e arbustiva que geralmente cresce em lugares áridos e rochosos, como paredes. Sua principal característica são os brotos esponjosos que coletam umidade e a transferem para outros objetos, principalmente quando a planta é sacudida. Sua capacidade simples de coletar e dispersar líquidos é o que a tornou adequada para sua função mais importante nos rituais cerimoniais do Antigo Testamento, todos os quais eram profecias ilustradas que apontavam para a obra sacrificial de Cristo.
As referências do Novo Testamento ao hissopo enfatizam a verdade de que Cristo é o cumprimento das cerimônias do Antigo Testamento, o que torna obsoleta sua continuidade, mas não esquece o significado de sua mensagem. Hebreus 9:19 menciona em específico a inadequação do hissopo junto com outros elementos dos sacrifícios do Antigo Testamento, a fim de apontar para a superioridade do sacrifício de Cristo, que realmente realizou o que todos os tipos do Antigo Testamento só podiam antecipar. Embora não no contexto das cerimônias mosaicas, a referência ao hissopo em João 19:29 ironicamente o associa ao supremo sacrifício de Jesus. O hissopo embebido em vinagre tocando os lábios ressequidos de Jesus de imediato precedeu Sua declaração prestes a morrer: “Está consumado!” (Jo 19:30). Com essa declaração, qualquer outro uso cerimonial do hissopo tornou-se desnecessário. No entanto, olhar para o hissopo nas imagens do Antigo Testamento destaca quatro realidades que o sacrifício de Cristo realizou.
LIBERTAÇÃO DA ESCRAVIDÃO
A Páscoa marcou o primeiro uso do hissopo. Os israelitas estavam sofrendo uma dura escravidão sobre a qual não tinham controle e da qual não podiam se livrar. Em conformidade com Sua promessa de aliança, Deus os libertou por meio de uma poderosa demonstração de Seu poder irresistível. Mas o ponto central da Páscoa era o sacrifício do cordeiro perfeito, escolhido para substituir o primogênito. O cordeiro foi morto como uma execução da justiça divina, e seu sangue foi derramado como uma propiciação da ira divina. Litros e litros de sangue foram derramados naquela noite, mas não foi o mero fato de sangue que trouxe libertação, mas a aplicação do sangue. Aqui é onde o hissopo entra em cena. Os israelitas deviam molhar o hissopo no sangue e aspergi-lo nas ombreiras e na parte superior da porta (Êx 12:22). Onde quer que o sangue fosse aplicado, havia libertação. Isso aponta diretamente para Cristo, nossa Páscoa, que foi sacrificado por nós (1 Co 5:7). O hissopo nos lembra especificamente que não é apenas o fato histórico da morte de Cristo que liberta do poder e da escravidão do pecado, mas a aplicação de Seu sangue.
PURIFICAÇÃO DO PECADO
O próximo uso registrado do hissopo está relacionado com a purificação da lepra (Lv 14). Essa lepra era algum tipo de doença superficial que ocorria na pele e nas paredes dos edifícios, era um retrato vívido da natureza contaminante do pecado que separa o homem de Deus (Is 59:2). O leproso tinha que ser colocado em quarentena, separado da comunidade da aliança. Mas a lepra tinha cura e o pecado tem remédio. Entra o hissopo e a cerimônia das duas aves. Uma ave era morta com seu sangue pingando na água, e a outra ave viva era solta depois que era mergulhada em água ensanguentada. O sacerdote então molhava o hissopo na mistura e o usava para aspergir o leproso curado, declarando-o limpo e apto para a adoração no tabernáculo, onde Deus se reunia com Seu povo (Lv 14:11). Esta cerimônia com o hissopo e as duas aves aponta diretamente para Jesus, cujo sangue purifica de todo pecado (1 Jo 1:7).
REVOGAÇÃO DA MALDIÇÃO
A morte é a consequência final do pecado, a manifestação culminante da maldição. A presença da morte na província da vida é um lembrete constante deste último grande inimigo. O próximo uso do hissopo aponta para a solução do problema. Números 19 registra o procedimento para lidar com a maldição da morte. Uma novilha vermelha deveria ser morta e completamente queimada fora do acampamento. Suas cinzas eram mantidas em reserva e misturadas com água para serem aspergidas com hissopo sobre o que ou quem tivesse sido contaminado pelo contato com os mortos. Esta purificação ritualística com hissopo apontou para a derrota real e completa da maldição do pecado por Jesus (veja Hb 9).
RESTAURAÇÃO
A oração de confissão de Davi no Salmo 51:7 (de modo literal, “desintoxica-me com hissopo”) resume figurativamente o significado teológico do hissopo. Seu pecado havia roubado sua comunhão com Deus, e ciente de que o único elemento que poderia restaurar essa comunhão era o hissopo, expressou sua fé na purificação do sangue do sacrifício. Assim é que devemos apelar para o sangue de Jesus a fim de experimentar o perdão dos pecados e o gozo da comunhão restaurada com Ele (1 Jo 1:7, 9) Há muito mais no hissopo do que aparenta.
Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Magazine.