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O maior presente

Nota do Editor: Este é o décimo quinto de 16 capítulos da série da revista Tabletalk: Atributos de Deus mal compreendidos.

Quando eu estava no seminário, o professor Douglas Kelly certa vez perguntou à nossa classe: “Qual é o maior presente que nós, como igreja, podemos compartilhar com o mundo?”.

Todos nós permanecemos em silêncio, conscientes de que sua resposta seria muito melhor do que qualquer uma que pudéssemos imaginar. De fato, sua resposta tornou-se tão formativa para mim que às vezes penso: “Isso deveria ser adicionado ao Breve Catecismo!”.

Sua resposta foi: “O maior presente que podemos compartilhar com o mundo é o próprio Deus trino.”

O apóstolo Paulo compartilhou este maior de todos os dons quando abençoou os santos em Corinto com estas palavras: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós” (2 Co 13:13). Este é o mesmo dom que temos o privilégio de compartilhar com o mundo hoje.

Na cultura implacável de hoje, a igreja tem a oportunidade de se destacar mais do que nunca como um farol da graça: a graça de nosso Senhor Jesus Cristo. Como cristãos, pecamos muitas vezes, de todas as maneiras e em todos os níveis. Todos nós pecamos e carecemos da glória de Deus (Rm 3:23). No entanto, nosso Deus nunca nos rejeitou. Por quê? Porque “agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1).

Certamente, Deus nos mostra nossos pecados, mas não nos exclui por causa deles. Ele nos convence, mas não nos rejeita. Ele não nos evita, nos transforma por Sua graça à semelhança de Seu Filho para nos abençoar, fazer de nós uma bênção para os outros e glorificar o Seu nome. Em um mundo que anseia por encontrar a culpa, temos um Deus que anseia por mostrar graça (Mq 7:18).

Estamos ansiosos para mostrar graça? Estamos ansiosos para perdoar como fomos perdoados (Ef 4:32)? Estamos mais ansiosos para compartilhar as boas novas da graça gratuita de Deus em Seu Filho do que para estar “informados” sobre a última falha moral ou escândalo notório? Oferecemos livre e indiscriminadamente as boas novas daquele que levou os nossos pecados “em seu corpo, sobre o madeiro”, “para com as suas iniquidades, usarei de misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei” e disse: “O que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (1 Pe 2:24; Hb 8:12; Jo 6:37)? Estamos experimentando a graça que traz cura de Jesus em nossas próprias vidas tão profundamente que somos movidos a estender Sua graça aos outros?

Nosso mundo precisa da graça de nosso Senhor Jesus Cristo. Precisa também “do amor de Deus Pai”.

O título de uma canção de Bob Dylan resume a condição de nosso mundo caído: “Everything Is Broken [Tudo está deturpado]”. E nada está atualmente mais deturpado do que a família. O diabo não suporta uma família feliz e intacta, sobretudo uma com um pai amoroso, presente e fiel. Qual é a causa disso? Tal visão o lembra da bela “vida familiar” da Trindade. Satanás não pode destruir essa “família”. Ele não pode extinguir o amor do Espírito. Ele não pode colocar uma barreira entre o Pai celestial e Seu Filho amado, embora em sua arrogância sem limites, certamente tentou (Mt 4.1-11). Então ele tenta destruir aquilo que reflete o amor familiar da Trindade. E em nossa letargia espiritual, estamos permitindo que ele faça o que quer.

Assim, cada pessoa que conhecemos anseia por um pai que esteja sempre presente, sempre gentil, atento e amoroso: um pai que os alcance para curar e restaurar o que foi arruinado pelo pecado.

Alguns anos atrás, um pai e um filho em Madrid, na Espanha, se separaram. O filho fugiu e o pai decidiu encontrá-lo. Ele procurou por vários meses sem sucesso. Por fim, desesperado, o pai publicou um anúncio no jornal de Madrid. O anúncio dizia: “João, não há mais ressentimentos. Por favor, encontre-me na frente do escritório deste jornal ao meio-dia de sábado. Te amo. Com amor, seu pai.” No sábado, duzentos homens chamados João apareceram, ansiosos para se reconectar com seus pais.

Em seu livro clássico O conhecimento de Deus, J.I. Packer afirma: “O que é um cristão? A pergunta pode ser respondida de várias maneiras, mas a resposta mais completa que conheço é que um cristão é aquele que tem Deus como Pai.”

Como cristãos, conhecemos o Pai amoroso por quem todo coração humano anseia. Não o guardemos para nós. Vamos compartilhar as boas novas de Seu amor e mostrar Seu amor ao nosso mundo em ruínas.

Nosso mundo precisa da graça de Jesus, precisa do amor de nosso Pai e precisa “da comunhão do Espírito Santo”.

Em um mundo cada vez mais isolado, os portadores da imagem de Deus estão desesperados por comunhão e procuram por toda a criação para encontrá-la. Em última análise, porém, o Espírito Santo é o único que pode encher nosso cálice de comunhão. Nada criado, nem mesmo nossos melhores e mais leais amigos, podem satisfazer nossos anseios mais profundos de comunhão.

O Espírito Santo, que habita graciosamente em cada crente, é Aquele que nos leva à comunhão satisfatória do Pai e do Filho, nos assegura o amor irrevogável de nosso Pai e nos capacita a compartilhar esse amor com os outros (Rm 8:16; At 1:8; Ef 2:18; 1 Jo 1:3). Portanto, dependamos do Espírito, peçamos a plenitude do Espírito, vivamos na alegria do Espírito e testemunhemos a respeito da comunhão satisfatória do Espírito, da qual nosso mundo tanto precisa. 

Em um mundo que avança em retaliação, ruína e isolamento, façamos de nosso objetivo diário compartilhar em palavras e ações o maior presente que recebemos, o maior presente que temos para oferecer ao mundo: a graça, o amor e a comunhão de nosso Deus trino.

Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Magazine.

Mantle A. Nance
Mantle A. Nance
O Dr. Mantle A. Nance é pastor da Ballantyne Presbyterian Church em Charlotte, Carolina do Norte (EUA).