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Nota do Editor: Este é o décimo quarto de 16 capítulos da série da revista Tabletalk: Artigos selecionados Ligonier.
O que a Bíblia diz sobre o sexo fora do casamento? Uma vez que a lei está escrita no coração (Rm 2:15), até mesmo incrédulos sabem alguma coisa sobre o propósito e os limites do sexo, ainda que suprimam esse conhecimento (Rm 1:18). O fator fundamental é se uma pessoa aceita a resposta de forma submissa. Ainda assim, céticos da fé cristã e aqueles na tentativa de racionalizar o pecado irão muitas vezes apontar que a Bíblia não condena explícitamente o sexo não-conjugal. Apesar de não devermos responder ao insensato segundo a sua estultícia (Pv 26:4), os cristãos devem ser ousadamente claros sobre o que a Bíblia ensina sobre o sexo.
Não à toa, Satanás tem se esforçado incansavelmente para distorcer a sexualidade. Porque o sexo é sagrado, profaná-lo é catastrófico. Geralmente, o sexo tem sido desprezado e abusado de duas formas básicas: através de um pandemônio licencioso ou por uma consideração gnóstica do sexo como um tabu. Em relação ao primeiro, as diversas proibições em relação à imoralidade sexual são ignoradas. Para o segundo, o livro de Gênesis é ignorado e Cântico dos Cânticos de Salomão é completamente embaraçoso. Ambas as perspectivas traem um equívoco fundamental e pervertem o propósito de Deus. E compreender o propósito original de Deus para o sexo é um sine qua non para responder a pergunta em questão.
De acordo com o primeiro livro da Bíblia, o homem foi criado bom. A mulher também, foi criada do homem (Gn 2:22) e correspondia ao homem (Gn 2:18). Como sua contraparte (1 Co 11:11), a mulher foi a ajuda divinamente concedida (Gn 2:18) que o homem precisava para cuidar da criação em direção a consumação pretendida, onde Deus e os portadores de Sua imagem habitariam juntos em harmonia. Isso aconteceria através do desenvolvimento obediente do mandato da criação pela humanidade: “Sede fecundos, multiplicai-vos” (Gn 1:22). Para ser sincero, o propósito original de Deus para levar Sua criação ao seu estado consumado incluia relações sexuais entre um homem e uma mulher, onde o esperma e o óvulo se unem para formar um embrião (isto é, ser humano). Sexo é a maneira de ser fecundo e multiplicar. Através desta união, forjada por sexo fértil, o reino de Deus é estabelecido através de Seus vice-regentes portadores de Sua imagem. Esse é um elemento fundacional da ética sexual cristã: o sexo, como pretendido por Deus, é bom.
Mas Deus não aprova o sexo em todo contexto. De acordo com a Bíblia, há apenas um contexto no qual o sexo é permitido. É apenas dentro de um contexto de união pactual entre um homem e uma mulher. Essas limitações não foram implantadas por alguns sacerdotes mal-humorados da era Vitoriana. Deus criou o sexo e Deus estipulou regras para o sexo. Talvez agora mais do que nunca, a ética sexual cristã é ridicularizada, até mesmo por pessoas da igreja. Mas a ética sexual cristã não é nebulosa. Como C.S. Lewis afirmou, é “ou casamento, com fidelidade total ao seu parceiro, ou então abstinência total”.
Desde o início, o limite um homem e uma mulher é claramente implícito na criação de apenas uma mulher para Adão. Deus não criou quatro esposas para Adão, mas apenas uma. A união descrita em Gn 2:24 precede o ato de união sexual: “Deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher” e então, e somente então, podem se tornarem “uma só carne”. As relações sexuais fora do casamento são uma tentativa de aproveitar do fruto da união matrimonial sem a união em si. Paulo aborda isso em sua admoestação aos Coríntios:
Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente, não. Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne. Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele. Fugi da impureza. Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo (1 Co 6:15-18).
O “sexo casual” é uma contradição em termos. Atos matrimoniais são apenas para o contexto matrimonial. Paulo esclarece que se uma pessoa não consegue controlar seus desejos sexuais, seu recurso não é que ela “durma com alguém”, mas que se case (1 Co 7:9). Essa admoestação não faria muito sentido se Paulo presumisse que sexo não-conjugal fosse puro. Desta forma, não devemos acordar, nem despertar “o amor, até que este o queira” (Ct 2:7). A implicação é de que há um tempo quando o amor deve ser despertado, mas não antes. Hebreus nos alerta contra a imoralidade sexual e oferece uma cama matrimonial sem mácula como o antídoto. Mas observe que apenas a cama matrimonial pode ser descrita como “sem mácula” (Hb 13:4). Por definição, um encontro sexual não-conjugal (isto é, “cama”) é contaminado.
Para o cristão, o sexo fora do casamento não é uma opção. No entanto, onde isso lamentavelmente aconteceu, Deus não desprezará um coração contrito (Sl 51:17), pois temos um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo, e Ele é a propiciação pelos nossos pecados (1 Jo 2:1-2). Confie nEle e não peques mais (Jo 5:14; 8:11).
Este artigo foi publicado originalmente na Ligonier Ministries Blog.