Pastorear nunca se torna obsoleto
abril 5, 2023Ociosidade e tentação
abril 10, 2023Qual é a nossa justiça?
Nota do editor: Este é o décimo quarto de 18 capítulos da série da revista Tabletalk: O orgulho e a humildade.
Há pouco tempo, ensinei sobre a doutrina da justificação somente pela fé, uma das verdades mais preciosas para o cristão. Adoro como o Breve Catecismo de Westminster resume o ensino bíblico sobre o assunto: “Justificação é um ato da livre graça de Deus, no qual ele perdoa todos os nossos pecados e nos aceita como justos diante de si, somente por causa da justiça de Cristo a nós imputada, e recebida só pela fé” (R. 33). Que verdade maravilhosa. Quando cremos em Jesus, Ele não apenas perdoa nossos pecados, mas também declara que somos justos, que cumprimos todas as Suas exigências de forma perfeita. Obtemos não apenas uma ficha limpa, por assim dizer, mas um registro positivo de retidão que assegura nossa vida eterna. Se confiarmos somente em Cristo, não precisamos temer que Deus deixe de nos considerar como tendo cumprido os requisitos para a salvação, pois pela fé recebemos a justiça de Cristo. Foi imputada a nós — colocada em nosso registro perante o tribunal celestial de Deus — para sempre.
É vital que façamos tudo certo; caso contrário, nossa justificação não nos fornecerá nenhuma garantia. Particularmente importante é a noção de fé justificadora como algo que recebe a justiça de Cristo, pois há um equívoco comum de que nossa própria fé é nossa justiça. Se nossa fé for nossa justiça, entretanto, nossa segurança será tão forte quanto nossa fé. Essa é a receita para não termos segurança. Como todos bem sabemos, nossa fé tem seus altos e baixos. Alguns dias nossa confiança no Senhor parece especialmente forte, o suficiente para mover montanhas. Outras vezes, somos como o pai do menino com o espírito imundo que gritou: “Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!” (Mc 9:24). Se nossa fé é realmente nossa justiça ou é realmente o que nos justifica, não teremos segurança quando nossa confiança estiver em baixa.
Porém, graças a Deus, a fé em si não é a nossa justiça, mas recebe a justiça. Quando Paulo está descrevendo a fé e a justificação em Romanos 3 – 4, ele nunca diz que a própria fé é a nossa justiça. Fé e justiça não são identificadas no grego; antes, a fé é contada como justiça. A fé age com o objetivo de se agarrar à justiça.
A verdadeira justiça que nos justifica não é a fé, mas sim a justiça do próprio Cristo. Paulo deixa isso claro em Romanos 5:12-21, onde é a obediência de Cristo que assegura nossa redenção e justiça diante de Deus. Vemos isso também em passagens como 1 Coríntios 1:30, onde Paulo diz que Cristo é a nossa justiça.
Por fim, a fé nos justifica apenas porque se apega a Cristo e à Sua justiça. Propriamente falando, a obra de Cristo nos justifica e nos salva, não nossa fé. Com certeza, a fé é necessária, mas nossa salvação não depende da força de nossa fé. Depende do Cristo perfeitamente forte e suficiente, e uma fé fraca não menos que uma forte se apega a Jesus. Portanto, regozijemo-nos, quer nossa fé hoje pareça fraca ou forte, estamos unidos a Cristo e, portanto, justos aos olhos de Deus para sempre.
Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Magazine.