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Nota do Editor: Este artigo faz parte da série da revista Tabletalk: 3 coisas que você deve saber.
1. Oséias, cujo nome significa “salvação”, é único entre os profetas que produziram escritos inspirados por ser cidadão do reino do norte de Israel e pregar no norte.
Oséias 1:1 data o ministério de Oséias nos reinados do rei do norte Jeroboão II e dos reis do sul Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias. Isso faria dele um contemporâneo de Jonas (2 Rs 14:25), outro profeta do norte cujo ministério aconteceu durante a administração de Jeroboão II, embora os escritos autobiográficos de Jonas tratavam de sua experiência com Nínive.
Oséias também foi contemporâneo de Amós, um missionário do sul para o norte, assim como de Isaías e Miqueias, profetas no reino do sul. Embora a contagem dos anos de reinado seja superior a cem, o ministério de Oséias talvez começou durante os últimos anos de Jeroboão II (por volta de 753 a.C.) e os primeiros anos de Ezequias (por volta de 725 a.C.), antes da queda de Samaria para os assírios em 722 a.C. Era uma época de crise política e caos religioso, e Oséias, com senso de urgência, pregou para um povo à beira de um desastre nacional.
2. A vida pessoal de Oséias refletia sua mensagem.
O casamento de Oséias com Gômer era uma representação concreta ou uma lição objetiva da mensagem que ele pregou. Oséias 3:1 vincula explicitamente o casamento de Oséias com Gômer com o casamento de Deus com Israel. O relacionamento de Oséias com Gômer e o relacionamento de Deus com Israel iniciaram pelo amor (graça divina), rejeitados pelo pecado (desagrado divino) e mantidos pela lealdade (fidelidade divina). O amor e a lealdade constantes de Oséias a Gômer eram uma bela representação do amor e da lealdade infalíveis do Senhor a Israel. A infidelidade de Gômer a Oséias era uma representação tragicamente clara da infidelidade traiçoeira de Israel ao Senhor. No Antigo Testamento, o casamento é um símbolo do relacionamento de Deus com Seu povo, e em nenhum lugar isso é mais evidente do que em Oséias.
Ainda que o casamento de Oséias seja crucial para a mensagem do livro, representa um grande problema de interpretação. A essência do problema diz respeito à ordem inicial de Deus para que Oséias se casasse com uma “mulher de prostituições” (Os 1:2). Superficialmente, isso cria um dilema moral e ético, porque parece contrariar as instruções e restrições claras para o casamento que Deus deu aos sacerdotes, quando proibiu que se casassem com prostitutas (Lv 21:7, 13). Se era uma desonra para um sacerdote se casar com uma prostituta, parece que seria uma desonra para um profeta também. Além disso, Deuteronômio 22:13, 20-21 sentenciava à morte qualquer mulher que fosse considerada impura no momento do casamento. Nesse caso seria mais apropriado que Oséias começasse com um funeral, ao invés de um casamento. As soluções para o problema se enquadram em duas principais interpretações: aquelas que consideram o casamento como hipotético e aquelas que consideram o casamento como literal.
A visão hipotética interpreta a representação do casamento apenas como uma forma de comunicar figurativamente o relacionamento de Deus com Israel e a infidelidade espiritual de Israel a Deus. Essa visão tem a vantagem de evitar o problema moral e ético, ao mesmo tempo em que permite que o motivo do casamento expresse o argumento teológico referente ao amor de Deus por um povo indigno. Sua fragilidade é que se baseia em conveniência teológica e não em evidências textuais.
Há várias versões das interpretações do casamento literal, todas concordam que um casamento real aconteceu, porém discordam quanto à natureza ou ao tempo da prostituição que é atribuída a Gômer. Alguns afirmam que Gômer era uma prostituta na época do casamento, e argumentam que Deus anulou Seus padrões previamente declarados para destacar Seu amor gracioso pelos pecadores indignos. Outros afirmam que a prostituição se referia à idolatria espiritual e não à fornicação. Isso resolve o problema do casamento com uma mulher sexualmente impura, mas cria um problema não menos sério se o Senhor ordenou ao profeta que se casasse com uma idólatra. A proibição de Deus contra o casamento interreligioso era clara (Dt 7:3-4).
Outra interpretação literal do casamento, chamada de “visão proléptica”, afirma que Gômer era pura no momento da união, entretanto depois se tornou uma prostituta. No entanto, o texto afirma o que Gômer era, não o que ela seria. Outra solução é entender a palavra “prostituição” como algo que descreve uma característica interna e não um comportamento externo. Provavelmente se refere à propensão latente de Gômer à imoralidade, que surgiu pouco depois do casamento. Em Oséias 3:1, ela, de fato, se tornou uma mulher adúltera, o que indica que suas inclinações se tornaram evidentes em comportamentos de fornicação. Nessa perspectiva, a questão é que Deus revelou a Oséias antes algo sobre o interior de Gômer que colocaria em risco a santidade do casamento. O fato de Oséias saber desde o início que ela tinha potencial para machucá-lo destacou a natureza altruísta de seu amor. Esse é o elo fundamental para o paralelo espiritual dos crentes: Deus nos ama, apesar do que Ele sabe sobre nós.
3. A mensagem de Oséias antecipa a graça de Deus em Cristo.
As advertências e convites de Oséias ao arrependimento não foram ouvidos, e o juízo sobre a nação era inevitável. Contudo, as consequências da rejeição ignorante e tola da mensagem do profeta por parte de Israel anteciparam a graça do evangelho. Segundo 2 Reis 15:29, a terra de Naftali foi o primeiro território que experimentou o julgamento de Deus. Mas, de acordo com Mateus 4:12-16, foi a primeira região a testemunhar o ministério de Jesus. A escuridão dos dias de Oséias daria lugar à luz de Cristo. O tempo de escuridão foi um passo em direção à plenitude dos tempos em que a Luz brilharia, o que demonstra que os propósitos e planos de Deus sempre se unem.
Artigo publicado originalmente em Ligonier.org.

