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A humildade nas redes sociais

Nota do editor: Este é o oitavo de 18 capítulos da série da revista Tabletalk: O orgulho e a humildade.

Cada moeda tem uma cara atrás de uma coroa, em cada dado o seis atrás do um, em cada selo um adesivo atrás de um rosto. E da mesma forma, toda tecnologia tem uma virtude por trás de um vício, um benefício por trás de uma desvantagem, algo benéfico por trás de algo extremamente danoso. A televisão que fornece notícias importantes também promove entretenimento vil; o motor que dá propulsão também produz poluição; a fissão nuclear que alimenta uma cidade também corre o risco de destruir essa cidade. Assim é a vida e a tecnologia em um mundo manchado pelo pecado.

E dessa forma, as redes sociais podem ser usadas para o bem e para o mal. Podem mostrar o melhor e o pior dos seres humanos, o aspecto mais gracioso e condescendente, e o aspecto mais humilde e orgulhoso. A maior parte da culpa não é da tecnologia em si, mas de quem a usa, pois as redes sociais faz pouco mais do que mostrar quem realmente somos e repetir o que de fato cremos. São nossos corações e mentes expostos em trechos de texto, vídeos elaborados e fotografias cuidadosamente tratadas com filtros.

No entanto, devemos ter cuidado para não simplificar demais, pois as redes sociais foram deliberadamente projetadas para tirar vantagem de nossas fraquezas mais do que de nossos pontos fortes, para recompensar o orgulho mais do que a humildade. Promove a leitura rápida mais do que a profunda, a impulsividade mais do que a reflexão, a indignação mais do que a sabedoria. Salomão pergunta: “Tens visto um homem precipitado nas suas palavras? Maior esperança há para o insensato do que para ele” (Pv 29:20). Mas o Facebook pergunta a cada usuário a todo momento: “O que você está pensando?”. Salomão adverte que “no muito falar não falta transgressão” (10:19). Porém o Twitter sugere em todos os momentos e em todas as ocasiões: “Tweet sua resposta.” Salomão diz: “Os sábios herdarão a honra” (3:35), mas na maioria das plataformas de redes sociais são os arrogantes e combativos, os indelicados e lascivos que são vistos e ouvidos, que são honrados e seguidos. Aquele que domina seu espírito pode ser melhor do que aquele que toma uma cidade, mas o vício facilmente se torna virtude em plataformas que recompensam a indignação mais do que o domínio próprio, a dureza mais do que a gentileza, a arrogância mais do que a mansidão.

Twitter e Facebook, Instagram e TikTok, uma série de tecnologias menores e ainda a serem inventadas, cada uma fornece um mecanismo ideal para construção de plataforma e autoengrandecimento, para promover a si mesmo enquanto deprecia os outros, para exibir todos os tipos de arrogância e todo tipo de tolice. Mas, embora vejamos com tanta facilidade as desvantagens dessas novas tecnologias, ainda trazem muitos benefícios. Nenhuma está tão além da redenção que não possa ser usada de maneira a abençoar o próximo e glorificar a Deus. Por trás de todos os vícios estão muitas virtudes genuínas, pois através das redes sociais podemos dizer palavras que secam os olhos que choram, podemos compartilhar citações que erguem as mãos caídas, podemos postar vídeos que fortalecem os joelhos enfraquecidos. Podemos nos envolver graciosamente com os perdidos e feridos, podemos desafiar gentilmente os perdidos e rebeldes, podemos apoiar de maneira cuidadosa os incertos e os pouco instruídos. Podemos estar presentes e ativos nestes fóruns onde se ensinam pessoas, onde se discutem ideias, onde se debatem as grandes preocupações do nosso tempo. Podemos estar onde as pessoas deste mundo se reúnem para que possamos falar a verdade de Deus com nossos lábios enquanto demonstramos o amor de Deus em nossas vidas.

Se quisermos ser humildes “por meio” das redes sociais, no entanto, precisaremos ser humildes “antes” de aparecer nelas. Precisamos estar cientes de suas ideologias embutidas, cientes das muitas maneiras pelas quais ela recompensa o que Deus despreza, cientes de suas muitas tentações de promover a loucura à frente da sabedoria. Precisamos abordá-la com cautela, oração e muita humildade.

Não há época na história da humanidade em que tenha sido fácil demonstrar humildade e nenhum momento em que tenha sido difícil demonstrar orgulho. O desafio das redes sociais é novo apenas na velocidade com que podemos exibir tal loucura e apenas na extensão do dano que podemos causar por meio dela. As redes sociais não criaram orgulho, mas apenas criaram novos caminhos para expressá-lo. No entanto, o Deus que se opõe aos orgulhosos e dá graça aos humildes certamente se deleita em nos conceder a humildade que nos falta para que possamos ser luz quando cercados pela escuridão, redimir o que foi arruinado e aproveitar todas as oportunidades para professar as grandes verdades do nosso grande Deus.


Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Magazine.

Tim Challies
Tim Challies
Tim Challies (@Challies) é blogueiro fundador da Challies.com e cofundador da Cruciform Press. Ele é autor de vários livros, entre eles Faça mais e melhor: um guia prático para a produtividade e Teologia visual.