
O teste de Pedro
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Caminhar por provações, tentações e testes
abril 2, 2025As provações, tentações e testes de Jesus

Nota do editor: Este é o décimo de 18 capítulos da série da revista Tabletalk: Provas, tentações e o teste da nossa fé.
Entre as verdades gloriosas sobre o sumo sacerdócio de Cristo não está apenas que Ele “se tornasse semelhante aos irmãos” (Hb 2:17), mas também que “foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (4:15). Isso requer consideração cuidadosa. Por um lado, Jesus foi criado exatamente como nós. Por outro lado, Jesus é diferente de nós, pois Ele sempre permaneceu sem pecado. Portanto, devemos considerar com cuidado sobre as tentações de Jesus. Não devemos minimizar Suas tentações, mas também não devemos concluir que elas são exatamente iguais às nossas tentações em todos os aspectos possíveis.
Primeiro, Jesus de fato suportou a tentação. Não apenas Hebreus é claro sobre isso, os evangelhos também: Jesus foi tentado durante quarenta dias pelo diabo (Mt 4:1-2; Mc 1:13; Lc 4:2). Embora o termo grego para “tentar” também possa significar “testar”, quando o pecado está em vista, em geral a melhor tradução é “tentar”. Além disso, Hebreus deixa claro que as tentações de Jesus envolviam sofrimento (Hb 2:18). Além das tentações no início de Seu ministério, alguns notaram que Jesus também foi tentado três vezes no final de Seu ministério para salvar a Si mesmo e descer da cruz (Mt 27:39-44). Porém Jesus perseverou em obediência abnegada à Sua missão até o fim.
Em segundo lugar, era necessário que Jesus fosse tentado como nós para que Ele pudesse ser um Sumo Sacerdote perfeito através do Seu sofrimento (Hb 2:10). Essa necessidade de ser aperfeiçoado não indica nenhuma falta de perfeição moral no Filho divino, mas se refere à necessidade do Filho encarnado ser aperfeiçoado em Sua função como sacerdote humano. Isso também ressalta a importância do papel do Filho como verdadeiramente homem, em solidariedade com aqueles que Ele veio salvar (v. 11). Ao se tornar verdadeiro homem, o Filho eterno foi capaz de resolver o problema do pecado humano vencendo o diabo que detém o poder da morte. Jesus fez isso sofrendo até a morte (vv. 14-17). Ao vencer a morte em Sua gloriosa ressurreição, Jesus é nosso precursor (v. 10). Jesus percebe a dignidade e o objetivo da humanidade dados a Adão no princípio (vv. 5-9), e isso Ele percebeu ao obedecer, sofrer, morrer e ressuscitar. E, como ele sofreu quando tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados (v. 18).
Ao mesmo tempo, a verdade gloriosa da vitória de Jesus mediante sofrimento e da morte também é surpreendente, já que Aquele que sofreu é o divino Filho de Deus. Contudo, o autor de Hebreus nos revela que isso era apropriado (v. 10). Embora Jesus seja o Filho, Ele aprendeu a obediência por meio daquilo que sofreu (5:8). Jesus teve que fazer expiação segundo Sua natureza humana, ao sofrer a penalidade pelos nossos pecados, ainda que Ele não tivesse pecado. Suportar essa penalidade exigiu sofrimento. Entretanto, o sofrimento não foi o fim para o Filho glorioso, pois Sua perfeição inclui Sua ressurreição e glorificação, uma vez que Ele permanece para sempre como um Sacerdote fiel e eterno, segundo o poder de uma vida indestrutível (5:9-10; 7:16-17, 20-28).
Terceiro, a vitória de Jesus sobre a tentação não é apenas essencial para a maneira como nossa salvação é garantida, mas também nos fornece um exemplo de perseverança no amor a Deus. Jesus é nosso Salvador e nosso exemplo (ver 1 Pe 2:21-24). Ele desprezou a vergonha da cruz ao ansiar pela alegria da ressurreição que viria em seguida (Hb 12:2). Isso nos encoraja a correr a corrida que nos é proposta (v. 1).
Quarto, também devemos prestar atenção para as diferenças entre as tentações de Jesus e as nossas. Todas as pessoas nascidas naturalmente desde Adão nascem com uma natureza pecaminosa e uma inclinação ao pecado. Porém, Jesus não tinha uma natureza pecaminosa. Além disso, a natureza humana de Jesus não é independente, mas na encarnação, a pessoa divina do Filho de Deus é o sujeito atuante. Essas verdades teológicas enfatizam que, apesar da forte solidariedade entre Jesus e Seu povo em questões de tentação e sofrimento, algumas diferenças cruciais permanecem. Somos pessoas caídas que enfrentam tentações não apenas externas, mas também internas. Jesus enfrentou tentações reais externamente, no entanto, não foi internamente atraído para o pecado. Em vez disso, Sua vontade humana sempre se conformou de forma perfeita à vontade divina.
O ensino de Hebreus sobre o sacerdócio de Jesus está repleto de boas novas. Jesus não apenas entende a fraqueza humana, Ele também experimentou (e superou) o sofrimento e a tentação. Como o divino Filho de Deus com uma verdadeira natureza humana, Ele ofereceu a obediência que não poderíamos exercer e nos concedeu a vitória que não poderíamos ganhar. Este Jesus é “santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus” (7:26). Ele entrou ao santuário interior como uma âncora segura para nossas almas, onde Ele serve como sacerdote em nosso favor para sempre (6:19-20).
Este artigo foi publicado originalmente na TableTalk Magazine.