Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus - Ministério Ligonier
Jesus tem uma ou duas naturezas?
fevereiro 15, 2023
expiação limitada
Qual foi o propósito de Deus na cruz?
fevereiro 17, 2023
Jesus tem uma ou duas naturezas?
fevereiro 15, 2023
expiação limitada
Qual foi o propósito de Deus na cruz?
fevereiro 17, 2023

Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus

limpos de coração

Jesus disse que aqueles que são puros em sua essência são aqueles que verão a Deus. Em 1 João, vemos a promessa da visão beatífica: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus” (1 Jo 3:1a). João introduziu esta seção de sua epístola com uma expressão de assombro apostólico. O que é tão incrível e surpreendente é que pessoas que não são limpas de coração são adotadas na família de Deus. Simplesmente não nos qualificamos para esse relacionamento em termos de nosso próprio caráter; não obstante, somos chamados filhos de Deus.

João continua expressando:

Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo. Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro (3:1b-3).

Muitas vezes as pessoas têm dúvidas sobre como será a vida no céu. Como seremos? Vamos nos reconhecer? Pareceremos ter a mesma idade que tínhamos quando morremos? Ou teremos corpos glorificados que de alguma forma não envelhecem? Como vamos ocupar nosso tempo? Sempre ficamos intrigados com essas coisas e João também ficou intrigado, pois afirmou: “Ainda não se manifestou o que haveremos de ser”. Recebemos vislumbres de como será o céu, mas não temos uma imagem completa do que esperar quando passarmos para o outro lado. João estava ciente dos limites do nosso conhecimento e até mesmo dos limites da revelação que recebeu sobre esses assuntos do Senhor, mas Ele não nos deixa tateando na escuridão. Ainda não sabemos como seremos, mas sabemos de algo: seremos semelhantes a Ele, isto é, a Cristo.

Em outra passagem, quando o Novo Testamento fala sobre a consumação da realeza de Cristo em Seu retorno, usa a linguagem apocalíptica, que significa “revelação”. Naquele momento, Cristo será manifestado; Ele aparecerá em toda a Sua glória. Quando a Bíblia fala sobre vê-lo novamente, nos é dito de que, quando Ele aparecer nesta revelação, nós o veremos; todo olho o contemplará. Portanto, a força dessas passagens deve direcionar nossa atenção para a esperança de ver Cristo na plenitude de Sua glória.

A definição teológica da Trindade expressa que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são três pessoas, mas um em essência ou ser. Essa verdade promete algo ainda maior, se é que isso é concebível, do que ver Cristo face a face na plenitude de Sua glória. Não veremos simplesmente a expressão da imagem perfeita de Deus; veremos a Deus em Sua própria essência, face a face. Obviamente, isso representa uma difícil questão filosófica e teológica: se Deus é espírito, como a Bíblia pode falar em vê-lo na pureza de Sua essência, quando Sua essência pura é espiritual e invisível?

Jonathan Edwards teve alguns pensamentos interessantes sobre essa questão. Seu pensamento é certamente especulativo, mas fico animado quando penso nisso. Damos muita importância ao fato de sermos testemunhas oculares; alguém dirá que algo é verdadeiro, porque o viu com seus próprios olhos. Sabemos quão importante é a visão física e tudo o que um cego daria para ter sua visão restaurada. Portanto, devemos ter olhos funcionais para ver, assim como um cérebro que interpreta corretamente as imagens. Mas a capacidade de ver não é suficiente; precisamos de luz. Não podemos ver no escuro. Edwards sugeriu que as experiências que consideramos como experiências diretas e imediatas de testemunhas oculares são, na verdade, experiências indiretas e mediadas. Passam pelas etapas intermediárias de luz, sensação, estimulação nervosa e assim por diante. De acordo com Edwards, a visão final de Deus será aquela que ocorre sem os olhos. Será uma compreensão direta e imediata pela alma humana da própria essência de Deus: um modo de percepção completo e dramaticamente transcendente. Todas as barreiras que nos impedem de ver Deus serão removidas e seremos preenchidos em nossas almas com a apreensão direta e imediata do ser de Deus.

Jesus afirmou: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus”. O que nos impede de ver a Deus agora é nossa impureza e pecado. João disse que, quando o virmos, seremos semelhantes a Ele, pois o veremos como Ele é. A dúvida que permanece é se Deus nos glorificará no céu, o que nos permitirá vê-lo como Ele é, ou Ele se manifestará a nós, e essa ação nos purificará. Não sabemos a resposta, mas é interessante pensar sobre isso, porque nada seria um agente de purificação maior do que uma visão direta e imediata da natureza de Deus. João afirmou que até mesmo a promessa dessa visão futura opera para começar nossa purificação agora mesmo. Portanto, mantenha a purificação sempre à sua frente como a promessa final para a plenitude de sua alma.

Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Magazine.

R.C. Sproul
R.C. Sproul
O Dr. R.C. Sproul foi fundador do Ministério Ligonier, primeiro pastor de pregação e ensino da Saint Andrew's Chapel em Sanford, Flórida, e primeiro presidente da Reformation Bible College. Seu programa de rádio, Renewing Your Mind, ainda se transmite diariamente em centenas de estações de rádio ao redor do mundo e também pode ser ouvido online. Ele escreveu mais de cem livros, entre eles A Santidade de Deus, Eleitos de Deus, Somos todos teólogos e Surpreendido pelo sofrimento. Ele foi reconhecido em todo o mundo por sua defesa clara e convincente da inerrância das Escrituras e por declarar a necessidade que o povo de Deus tem em permanecer com convicção em Sua Palavra.