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Como usar seus dons para ajudar a igreja a crescer no amor

Nota do editor: Este é o décimo sétimo de 18 capítulos da série da revista Tabletalk: Provas, tentações e o teste da nossa fé.

Em seu comentário sobre Efésios 4:15-16 , João Calvino expressou:

A verdade de Deus deve ter um domínio tão firme sobre nós, que todos os artifícios e ataques de Satanás não nos desviem do nosso curso; e, ainda assim, como até agora não alcançamos força plena e completa, precisamos progredir até a morte.

As palavras de Calvino são, em especial, encorajadoras à luz de sua exortação prática de que os crentes em Cristo devem se esforçar para “progredir até a morte”. A incitação de Calvino é apenas outra maneira de entender o que o apóstolo Paulo exorta os crentes a fazer: “Cresçamos em tudo naquele que é a cabeça [da igreja], Cristo” (Ef 4:15).

O que Calvino chama de “progredir”, Paulo descreve como “crescer”. Apesar das diferenças na nomenclatura, o que Calvino e Paulo declaram é realizado por meio da santificação. Santificação é o processo pelo qual o Espírito de Deus opera nos crentes e por meio deles para torná-los mais semelhantes a Cristo (Rm 8:29). Como resultado da obra progressiva do Espírito Santo em nossos corações, nossas vidas devem refletir de forma bem consistente o caráter de Cristo que geramos frutos que dão evidências tangíveis tanto para a igreja quanto para o mundo de que somos Seu povo redimido.

Todo verdadeiro crente em Cristo foi dotado de um dom único por Deus para a edificação de Sua igreja (Ef 4:11-13). Paulo chama esse dom de “auxílio” (v. 16). As Escrituras são claras ao afirmar que os crentes em Jesus Cristo, motivados pelo seu amor a Deus, devem aplicar seus dons espirituais em serviço alegre e altruísta uns aos outros (Cl 3:23-24; 1 Pe 4:10). Para esse fim, Paulo se refere à igreja metaforicamente como um “corpo”. Essa é uma metáfora perfeita, pois nos ajuda a entender melhor como cada um de nós, como uma “junta” individual, para usar o termo de Paulo, contribui de forma única para o crescimento, a saúde e a vitalidade da igreja à qual todos os crentes pertencem (1 Co 12:18).

Deus dotou cada crente com certos dons com o propósito de edificar Seu corpo, a igreja (Ef 4:16). Prestamos um grande desserviço ao nosso Salvador quando deixamos de usar os dons que Ele em Sua misericórdia nos concedeu para esse fim. A importância dessa responsabilidade tão pesada é enfatizada por John Owen, que descreveu tais presentes como:

Aquilo sem o qual a igreja não pode subsistir no mundo, nem os crentes podem ser úteis uns aos outros e ao resto da humanidade, para a glória de Cristo, como deveriam ser […] Os dons do Espírito dão à igreja sua vida orgânica interior e sua forma visível.

No entanto, empregar nossos dons para servir ao corpo de Cristo aborda apenas um lado da equação eclesiástica: nossas ações. Há também a questão da nossa atitude. Para o bem ou para o mal, cada ação que tomamos vem acompanhada de uma atitude. A realidade da relação entre atitude e ação é aparente na Palavra de Deus em textos como Filipenses 2:14, onde somos ordenados a fazer “tudo [ação] sem murmurações nem contendas [atitude]”, e 1 Pedro 4:9, onde somos instruídos a ser “mutuamente, hospitaleiros [ação] sem murmuração [atitude]”.

Devemos usar com amor nossos dons espirituais na edificação do corpo de Cristo, porém é impossível fazermos isso sem o poder do Espírito de Deus, que nos concede esses dons para começar (Jo 14:16-17). Você e eu não podemos fazer nada sem Cristo (15:5). Essa realidade deve nos manter em uma postura de dependência contrita de Deus, pois somente por meio de Seu Espírito Ele habita em nós, nos prepara e nos capacita a servir Sua igreja de uma maneira que lhe traga glória e honra.

Em termos de crentes usando seus dons para ajudar a igreja a crescer, a questão central é o amor. A menos que nosso serviço à igreja seja motivado pelo amor, um amor que reflita a atitude de sacrifício do coração de nosso Salvador, que, enquanto ainda éramos pecadores não redimidos, voluntariamente se esvaziou por nós (Rm 5:6, 8; Fp 2:5-8), nossos dons, sem importar quão vigorosamente exercidos ou bem intencionados, não trazem nenhum benefício à igreja ou, nesse caso, ao mundo para o qual fomos comissionados por Cristo para sermos luzes que brilham (Mt 5:14-16; 2 Co 5:20).

Charles H. Spurgeon afirmou com sabedoria e sem ambiguidade:

Não somos salvos pelo serviço, mas somos salvos para servir. Quando somos salvos, dali em diante vivemos a serviço do nosso Senhor. Se nos recusarmos a ser Seus servos, não seremos salvos, pois continuamos sendo, evidentemente, servos de nós mesmos e de Satanás.

Cristo chamou cada um de nós para usar os dons que Ele nos deu em serviço sacrificial à Sua igreja. Devemos fazer isso não apenas em nossas ações, mas também em nossas atitudes. Como o apóstolo Paulo declara em 1 Coríntios 13:3: “E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.”


Este artigo foi publicado originalmente na TableTalk Magazine.

Darrell B. Harrison
Darrell B. Harrison
Darrell B. Harrison é diretor de plataformas digitais na Grace to You e coapresentador do podcast Just Thinking. Ele é conselheiro bíblico e membro do Black Theology and Leadership Institute na Princeton Theological Seminary. Ele é coautor de Just Thinking: About the State [Só pensando: sobre o Estado] e Why Are You Afraid? [Por que você está com medo?].