Um coração pela adoção
outubro 3, 2022Interpretando corretamente as Escrituras
outubro 5, 2022Lidando com a lascívia
Nota do editor: Este é o último de 8 capítulos da série União com Cristo da Revista Tabletalk.
Eles são tão próximos quanto a nossa pele, a trinca de concupiscências descrita pelo apóstolo João: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida (1 Jo 2:16). Esses anseios desordenados e proibidos do pecador são a fonte do pecado, como aponta Tiago ao ensinar que Deus não nos tenta a pecar: “Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tg 1:14-15).
O homem natural é escravo de suas concupiscências (Rm 3:10-18), mas em nossa conversão, por causa de nossa união com Cristo, somos libertos do domínio das concupiscências: “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça. Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” (6:12-14).
Deus, no entanto, em sua inescrutável sabedoria, determinou deixar dentro de Seus filhos e filhas convertidos um remanescente do pecado; e esse remanescente reside nas concupiscências. Por isso, o mesmo apóstolo que anunciou que estamos mortos para o domínio do pecado narrou suas lutas: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço” (7:18-19).
Todos nós estamos bem cientes da luta com os insistentes pecados de nossas concupiscências. Eles vêm vestidos com muitos trajes diferentes, incluindo materialismo, poder e orgulho. Mas aqui quero me concentrar sobre o problema da lascívia sexual. Todos reconhecemos que o fracasso sexual é uma epidemia na igreja de hoje. Dificilmente se passa uma semana sem que saibamos de outro líder da igreja que tenha sido descoberto em adultério, fornicação, homossexualidade ou pornografia.
As tentações sexuais estão em toda parte; somos bombardeados por tentações sexuais por meio de roupas (ou falta delas), televisão, outdoors, músicas, linguagem sugestiva e solicitações de amizade no Facebook. Consideremos, por exemplo, a pornografia. Uma pessoa não precisa mais entrar em uma loja e comprar material pornográfico, está tão próximo quanto a privacidade da tela do seu computador e é poderosamente viciante.
Mas temos que sucumbir? A resposta, como mencionado acima, é não. Não estamos sob o domínio do pecado. No entanto, precisamos tomar precauções diárias. É fundamental que nossas famílias e igrejas promovam uma cultura de castidade, enfatizando a pureza sexual no pensamento, no vestuário, na linguagem e no comportamento. Tal cultura começa com os pais em casa e com os oficiais (pastores e líderes da igreja e suas esposas) na congregação.
Devemos usar cuidadosamente os meios da graça: adoração pública, pregação, oração, sacramentos, jejum e adoração privada e familiar. Acima de tudo, devemos nos apegar a Cristo.
Também precisamos desenvolver hábitos que ajudem a proteger o coração. No livreto Impure Lust [Lascívia impura], John Flavel deu sete instruções para lidar com a lascívia:
1. Peça a Deus um coração puro, renovado e santificado pela graça salvadora. Devemos sempre começar com o coração, pois é a fonte de tudo o mais (Mt 15:19), e Deus promete responder às nossas orações quando oramos de acordo com a Sua vontade (João 14:13-14). Devemos buscar o poder santificador do Espírito Santo.
2. Ande no temor de Deus durante o dia todo, e com a noção de que Seu olho onisciente está sempre sobre você. Quantas vezes nosso comportamento é ditado por quem está assistindo. Esquecemos que Ele vê tudo.
3. Evite amizades indecentes e a associação com pessoas imorais; já que elas atuam como intermediárias em comportamentos lascivos. As más companhias corrompem os bons costumes. Lembre-se de que essa instrução não inclui apenas nossos contatos pessoais, mas aqueles que encontramos por meio de filmes, músicas, livros, revistas e computadores.
4. Exercite-se em seu chamado com diligência; será um excelente meio de prevenir este pecado. Você já ouviu o ditado: “Cabeça vazia é a oficina do diabo”.
5. Limite o apetite: não se alimente em excesso. Essa orientação não significa que não podemos desfrutar das boas dádivas de Deus de comida e bebida, e o prazer de celebrar com amigos, mas é um lembrete sóbrio de que se cedermos a nossos apetites físicos em uma área, estaremos mais propensos a cair em outras áreas.
6. Escolha um cônjuge e deleite-se com aquela pessoa que você escolheu. Uma das percepções libertadoras da Reforma é que, dentro do casamento, o sexo é para o prazer e é uma proteção dada por Deus contra desejos ilícitos.
7. Cuide-se para não ter uma conduta pecaminosa, especialmente o da superstição e idolatria: nesses casos, e como punição destes males, Deus muitas vezes entrega os homens a essas paixões infames (Rm 1:25-26). O pecado inevitavelmente gera pecado.
Dessa forma, a igreja pode guardar os seus membros. Pratique e ensine essas coisas.
Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Megazine.