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O teste de Davi

Nota do editor: Este é o sexto de 18 capítulos da série da revista Tabletalk: Provas, tentações e o teste da nossa fé.

Nas Escrituras, Deus com frequência permite que Seu povo seja submetido a severas provações e tentações. Embora muitas vezes as razões específicas pelas quais Ele testa Seu povo sejam conhecidas apenas por Ele, sabemos que Deus santifica e prepara Seu povo por meio de provações e tentações. A vida de Davi é um dos exemplos mais conhecidos dessas verdades. Davi é mencionado pela primeira vez no Antigo Testamento quando foi escolhido por Deus e ungido por Samuel para ser rei em Israel depois que Saul foi rejeitado por Deus. Em vez de levar Davi logo após da cerimônia de unção para o trono, Deus o fez esperar mais de dez anos para ser coroado rei. Durante muitos desses anos, viveu no deserto e fugiu de Saul e dos três mil homens que Saul havia separado para encontrá-lo (1 Sm 24:2). Deus usou essa fuga do perigo para ajudar Davi a crescer, pois esses testes durante os anos de deserto de Davi teriam um impacto significativo em seu reinado.

Um dos primeiros testes de Davi ocorreu quando Saul parou em uma caverna onde Davi e seus homens estavam escondidos. Os homens de Davi concluíram que Deus havia entregado Saul nas mãos de Davi e encorajaram Davi a matá-lo (vv. 3-4). Davi estava relutante porque, apesar de Saul ter sido rejeitado pelo Senhor (15:26), ele havia sido ungido pelo profeta Samuel para ser rei sobre Israel (10:1) e permaneceu nessa função até a coroação oficial de Davi. Davi escolheu simplesmente “furtivamente, cort[ar] a orla do manto de Saul” antes de sentir “bater-lhe o coração” a ponto de parecer que ele estava fazendo mal ao “ungido do Senhor” (24:4-6).

Em outra ocasião (cap. 26), Davi conseguiu entrar furtivamente no acampamento de Saul à noite, “porquanto, da parte do Senhor, lhes havia caído profundo sono” (v. 12). Com a lança de Saul “fincada na terra à sua cabeceira” (v. 7), o companheiro de Davi, Abisai, concluiu que Davi deveria deixá-lo prender Saul no chão com sua lança. Davi outra vez se recusou a matar o ungido do Senhor, ao acreditar que se Deus quisesse Saul morto, Ele o feriria, “ou o seu dia chegará em que morra, ou em que, descendo à batalha, seja morto” (v. 10). Em vez disso, Davi tomou a lança e a bilha da água da cabeceira de Saul. Ironicamente, em ambos os casos, o que parece uma oportunidade é, na verdade, uma tentação.

Os testes e provações de Davi nos ensinam lições valiosas e essenciais. Primeiro, concluir que uma ação é vontade de Deus só por causa de circunstâncias fortuitas é presunção. Saul foi colocado nas mãos de Davi não para que ele assumisse o reinado, mas para que Saul pudesse ver que Deus é, em última análise, Rei e se arrepender de sua desobediência. Em ambas as situações, Davi mostrou a Saul um símbolo (primeiro sua túnica e depois sua lança e sua bilha) de que Deus havia deixado ele vulnerável ao seu ataque. No entanto, em cada um desses testes providenciais, a disposição de Davi de esperar em Deus ofereceu a Saul mais uma oportunidade de se arrepender. Da mesma forma, devemos ser lentos para tirar conclusões definitivas sobre o porquê de providências específicas ocorrerem em nossas vidas. Em vez disso, com outros líderes e amigos de confiança da igreja, devemos considerar em espírito de oração como Deus gostaria que respondêssemos examinando as Escrituras.

Segundo, é fundamental esperar o tempo de Deus em vez de manipular as circunstâncias. Muitos de nós sabemos o que Deus ordenou, e ainda assim sentimos a tentação de agir por conta própria. Davi temia a Deus mais do que desejava ser rei. Davi confiou em Deus e esperou que Ele cumprisse Suas promessas. Deus também nos chama para temê-lo e confiar nEle, não apenas nos momentos bons, mas especialmente na incerteza. Se Deus nos colocou no deserto, não tomemos as rédeas da situação, porém que possamos nos render a Ele. A fidelidade de Deus brilha mais quando confiamos nEle e não em nossa própria capacidade. Ele não nos abandonou. Está conosco durante nossas provações, usando-as para o nosso bem.

Por último, as provações e tentações de Davi apontam para Cristo. Apesar dos muitos fracassos de Davi, ele era um homem que Deus “lhe agrada” (13:14). Contudo, a aliança de Deus com Davi — de que seu trono seria “estabelecido para sempre” (2 Sm 7:16) — se cumpriu em Jesus, o verdadeiro e eterno Rei de Israel. Jesus confiou em Deus no deserto e até na morte. Quando as circunstâncias eram mais difíceis, Deus estava agindo. Já que Jesus é nosso maior exemplo e esperança em provações e tentações, somos fortalecidos ao olhar para Ele em quaisquer circunstâncias que enfrentamos hoje.


Este artigo foi publicado originalmente na TableTalk Magazine.

Greg A. Salazar
Greg A. Salazar
O Dr. Greg Salazar é pastor sênior da First Presbyterian Church em Pooler, Geórgia. Ele é autor de Calvinist Conformity in Post-Reformation England [Conformidade calvinista na Inglaterra pós-Reforma].