Favoritismo na igreja - Ministério Ligonier
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Favoritismo na igreja

Nota do editor: Este é o nono de 11 capítulos da série da revista Tabletalk: Entre dois mundos.

Parece que o favoritismo era um problema na igreja primitiva, pois aqueles com maior riqueza ou posição recebiam tratamento melhor do que outros. Tiago falou contra esse impulso em sua epístola:

Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas. Se, portanto, entrar na vossa sinagoga algum homem com anéis de ouro nos dedos, em trajos de luxo, e entrar também algum pobre andrajoso, e tratardes com deferência o que tem os trajos de luxo e lhe disserdes: Tu, assenta-te aqui em lugar de honra; e disserdes ao pobre: Tu, fica ali em pé ou assenta-te aqui abaixo do estrado dos meus pés, não fizestes distinção entre vós mesmos e não vos tornastes juízes tomados de perversos pensamentos? (Tg 2:1-4).

Logo ele passa a dizer:

Se vós, contudo, observais a lei régia segundo a Escritura: Amarás o teu próximo como a ti mesmo, fazeis bem; se, todavia, fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo arguidos pela lei como transgressores. (Tg 2:8-9).

Uma solução imediata para o favoritismo

É interessante que, dos 12 apóstolos originais, 4 eram pescadores e 1 era cobrador de impostos, e não temos ideia do que os outros faziam antes de serem chamados por Cristo. O Senhor usou esses discípulos “incultos” para serem o fator catalisador na formação da Igreja ao redor do mundo. O importante era a fidelidade, a obra do Espírito Santo, e a pregação de Cristo, e este, crucificado. A beleza do livro de Atos é ver a Igreja crescer primeiro em Jerusalém, depois na Judeia e Samaria, e depois em todo o mundo romano e além.

Houve um incidente, resultado do favoritismo, que quase dividiu a igreja e causou profunda dor por um tempo. Como registrado em Atos 6, as viúvas helenistas foram negligenciadas pela igreja:

Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária (At 6:1).

Negligenciar as viúvas dos helenistas provavelmente não foi intencional, mas as viúvas hebreias recebiam cuidados e as viúvas de língua grega não. Isso mostrou favoritismo, e alguém sempre perde quando praticamos o favoritismo. A solução para o problema foi eleger sete homens de fé para atender às necessidades dessas mulheres, então os predecessores dos diáconos foram designados para servir aos pobres e doentes, primeiro na família de Deus e depois aos de fora (Gl 6:10).

O valor das pessoas

A Igreja é uma sociedade planejada pelo Senhor para incluir a todos. Somos ordenados primeiro a amar o Senhor com todo o nosso coração, mente, alma e força (Mc 12:30). Deste amor a Deus flui o amor aos nossos irmãos (1 Jo 4:21) e ao próximo. Deus não faz acepção de pessoas; Ele não mostra parcialidade no pacto da graça. Então, por que fazemos distinção entre pessoas?

Prejulgar alguém é determinar seu valor ou inutilidade. As pessoas comuns de grande valor são o professor talentoso, o membro rico e a família jovem que trará crianças ou outras famílias jovens. Os necessitados que ocupam muito tempo e precisam de muito discipulado não costumam encontrar favor imediato na igreja. Diante disso, em que posição ficam os viúvos idosos? Podem ser os melhores guerreiros de oração e os mais calorosos recepcionistas dos visitantes. Um santo com 70 anos ou mais, que por toda a sua vida seguiu o Senhor e viveu para a Sua glória, é um testemunho poderoso das bênçãos de Deus e do Seu amor inabalável pelos Seus santos. Para aquelas crianças em nossa igreja que não têm avós crentes em sua família biológica, os santos idosos da igreja assumem esse papel em grande parte. Os solteiros, que fazem amizade com o novo visitante, ajudam os idosos e doam seu tempo para missões ou participam de projetos de trabalho, são de imensa importância para o corpo de Cristo.

Um corpo, muitos membros

Romanos 12 nos ensina que devemos entender que pessoas diferentes têm dons diferentes, mas todos fazemos parte do corpo de Cristo. A mão não deve desprezar o olho nem a orelha desprezar o pé. Todos somos importantes, pois compomos as joias da coroa de Cristo (Zc 9:16; Ml 3:16-18). Podemos facilmente tender a favorecer a nova pessoa, que achamos que pode trazer algo maravilhoso e mais necessário para a vida da congregação. Podemos admirar o empresário ou acadêmico realizado acima do estudante, do aposentado ou do jovem.

Você pode imaginar o favoritismo no céu? Os santos do século XXI evitariam ter comunhão com os santos simplistas do, digamos, século VII a. C.? Parece uma ideia absurda, não é? Então, por que praticar esse absurdo no presente? Os cristãos são renovados à imagem de Cristo, e podemos aceitar, somos chamados a aceitar, todas as pessoas, independentemente de seu status, situação ou história. Jesus Cristo, em Seu ministério terreno, foi a todos os lugares em Israel. Ele ministrou tanto para crentes quanto para incrédulos. Ele mostrou compaixão e misericórdia para com todos. Ele não mostrou favoritismo, pois Deus não aceita a aparência do homem (Gl 2:6).

Somos adotados na família de Deus e, como cristãos, somos amados por Ele. Não deveríamos também ter esse amor imparcial por aqueles que precisam de Cristo e especialmente aos da família da fé?

Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Magazine.

Kent Butterfield
Kent Butterfield
O Rev. Kent Butterfield é pastor da First Reformed Presbyterian Church, em Durham, Carolina do Norte.