Humildade na oração, no arrependimento e nas ações de graças - Ministério Ligonier
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Humildade na oração, no arrependimento e nas ações de graças

oração

Nota do editor: Este é o décimo 18 capítulos da série da revista Tabletalk: O orgulho e a humildade.

C. S. Lewis disse a famosa frase: “Se você não acha que é vaidoso, de fato, você é muito vaidoso.” Com certeza isso se aplica à humildade: se você pensa que é humilde, talvez está cheio de orgulho. Neste artigo, consideraremos brevemente como a oração, o arrependimento e a ação de graças estão relacionados à humildade.

A ORAÇÃO E A HUMILDADE

Como a oração se relaciona com a humildade? Podemos responder a essa pergunta considerando a natureza da oração. Quando oramos, expressamos nossa total dependência de Deus. A oração reconhece o que Jesus disse em João 15:5: “Sem mim nada podeis fazer.” Quando oramos e pedimos a ajuda de Deus, estamos admitindo que não somos “capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus” (2 Co 3:5). A oração testifica que somos “humildes de espírito” (Mt 5:3), que não somos fortes, mas fracos, e que, como diz o hino: “Precisamos de Ti a cada hora”. Uma das orações mais humildes do mundo é “ajuda-me, Senhor”. Recordamos a singela oração da mulher cananeia quando tudo parecia estar contra ela. Ela clamou a Jesus: “Socorre-me!” (Mt 15:25). A oração é humilde porque, quando oramos, estamos dizendo que Deus é misericordioso e poderoso, que Ele é sábio e soberano, e que Ele sabe muito melhor do que nós o que é melhor para nós.

O ARREPENDIMENTO E A HUMILDADE

Não é difícil entender que o arrependimento — admitir que erramos e prometer viver de uma maneira nova — não é possível sem humildade. O orgulho mostra sua face horrenda quando nos recusamos a admitir que estamos errados, a pedir perdão e a nos arrepender. O melhor exemplo dessa verdade é a parábola do fariseu e do publicano (Lc 18:9-14). Jesus nos diz que o fariseu se exaltou (v. 14) e confiou em si mesmo (v. 9) e, por isso, não sentiu necessidade de se arrepender. Em vez disso, anunciou ao mundo e se gabou diante de Deus sobre sua bondade e justiça. Seu orgulho se manifestou em sua afirmação de que era moralmente superior às outras pessoas, e caímos nessa mesma armadilha quando nos comparamos a outros cristãos ou mesmo a não cristãos e nos sentimos orgulhosos de nossa retidão.

Porém, o cobrador de impostos era verdadeiramente humilde, tanto que Jesus afirmou que os humildes seriam exaltados (v. 14). Como o apóstolo Paulo em Romanos 7:24, ele se sentiu miserável na presença de Deus e expressou essa miséria em arrependimento, pedindo a Deus que fosse misericordioso com ele como pecador (Lc 18:13). Vemos a mesma conexão entre humildade e arrependimento na parábola do filho pródigo. O filho mais novo mostra sua humildade ao confessar seu pecado e ao reconhecer que não era digno de ser filho de seu pai (15:21). A verdadeira humildade existe quando sentimos que somos os principais dos pecadores (1 Tm 1:15), quando vemos rebelião e justiça própria em nossos corações e nos voltamos para Deus em Jesus Cristo para purificação e perdão.

A GRATIDÃO E A HUMILDADE

À primeira vista, podemos não pensar que ação de graças e humildade estejam relacionadas, mas, na verdade, existe uma relação profunda. A raiz do pecado — como declara Romanos 1:21 — é a recusa em glorificar a Deus e em dar-lhe graças. Vamos pensar em um exemplo de ação de graças e humildade. As Escrituras nos dizem para agradecer antes de comer, e ao fazê-lo confessamos a bondade de Deus para conosco (1 Tm. 4:3-4). Ouvi falar de um cristão que frequentava regularmente a igreja e convidou um pregador que estava visitando a sua igreja para uma refeição em sua casa. Ele afirmou ao palestrante que a família não orava antes de comer, ao dizer: “Trabalhamos muito para conseguir nossa comida, então não faz sentido agradecer a Deus pelo que trabalhamos para adquirir.” Não reconheceu o verdadeiro estado de coisas; sua recusa em orar era uma capitulação ao orgulho. Não percebeu a verdade de Deuteronômio 8:18 de que o “Senhor, teu Deus […] é ele o que te dá força para adquirires riquezas”. Quando somos gratos, louvamos nosso grande Deus, porque “toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto” (Tg 1:17). Reconhecemos que não há razão para nos vangloriarmos de nada, porque tudo o que temos é um dom (1 Co 4:8), que Ele é quem supre todas as nossas necessidades (Fp 4:19). Quer estejamos falando sobre oração, arrependimento ou ação de graças, estamos dizendo em todos os casos que somos filhos e que dependemos de nosso bondoso Pai para tudo, e esse é o coração e a alma da humildade.


Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Magazine.

Thomas R. Schreiner
Thomas R. Schreiner
O Dr. Thomas R. Schreiner é Professor James Buchanan Harrison de Interpretação do Novo Testamento, professor de Teologia Bíblica e reitor associado da Faculdade de Teologia do Southern Baptist Theological Seminary em Louisville, Kentucky. Ele é autor de vários livros, incluindo Dons Espirituais.