Dentro de vós
novembro 29, 2023Justiça, paz e alegria no Espírito Santo
dezembro 1, 2023Não é deste mundo
Nota do Editor: Este é o nono de 17 capítulos da série da revista Tabletalk: O reino de Deus.
Cruzadas, perseguições, revoltas, educação e concepções seculares de justiça social são alguns meios que têm sido utilizados em tentativas vãs de construção do reino. Se ações equivocadas resultam de concepções errôneas, Jesus deixou claro que Seu governo é estabelecido sobre as almas antes de ser estabelecido sobre as terras. Se o evangelho de Deus reverter a queda de Adão, a vida e o senhorio humanos só poderão ser recuperados por meio de uma solução espiritual para o problema do pecado. Daniel mostra os líderes mundiais sujeitos a uma gloriosa figura celestial (Dn 7:13-14). Os Salmos e os Profetas deixam claro que o tempo e o espaço não podem limitar o futuro domínio de Davi (Sl 8:1-9; 72:17; Is 9:6-7).
O propósito do evangelho de João é totalmente espiritual. Ele oferece a Palavra que se fez carne, com a compilação de sinais e expressões, para que os leitores possam acreditar e receber a vida eterna (Jo 20:30-31). O vocabulário explícito do reino está praticamente ausente de seu livro. Ele prefere termos como “vida eterna”, que evitam quaisquer conotações políticas humanas. O renascimento soberano e concedido pelo Espírito é essencial para entrar no reino (Jo 3:3-8). A adoração espiritual que Deus deseja torna a geografia irrelevante (4:19-24). O futuro Rei acalma multidões equivocadas enquanto o fervor nacionalista atinge o ponto de ebulição (6:14-15). Este Pastor real salva ovelhas não ao repelir Roma, mas ao entregar a Sua vida (10:10-18). Sua cruz é Sua coroa, que Ele recebe depois de ser levantado da terra (12:32-34). Ao estar sentado em glória após a Sua ressurreição, a efusão do Espírito Santo dá vida à missão evangélica (16:7-14). Jesus ora ao Pai pela unidade espiritual e pela fé do Seu rebanho (17:16-23). Pedro provará seu amor alimentando as ovelhas com a verdade (21:15-18).
A prisão e o julgamento de nosso Senhor anulam toda esperança terrena. Quando Pedro puxa a espada, ela deve ser rapidamente embainhada, enquanto a orelha de Malco é recolocada (18:10-12). O Messias cede passivamente aos tribunais humanos injustos (18:13 – 19:16). Pilatos quer saber se Jesus é de fato culpado de sedição e, se não, qual é a natureza do Seu domínio (18:33-37). Palavras e obras anteriores fornecem ampla prova de que o reino que Ele governa não é a Judéia ou Jerusalém (18:36) e, portanto, “não é deste mundo” ou “deste lugar”. Se “Jesus é Rei” deve soar em todos os ouvidos, é apenas para que os crentes possam ser libertos deste sistema mundial maligno e condenado. Todas as concepções de reino mundano são sistematicamente rejeitadas: em origem e destino, o reino de Cristo é transcendente, sobrenatural, espiritual e eterno.
Portanto, os cristãos em particular devem certamente promover a verdade. As necessidades diaconais são satisfeitas a serviço da verdade. No entanto, a tarefa corporativa central é o ministério da Palavra na terra. Quando a igreja se reúne, a prioridade deve ser a pregação do Cristo crucificado, que é confirmada nos sacramentos e reforçada, se necessário, através da disciplina. O trabalho missionário repleto de oração, a transmissão do evangelho, a tradução vernácula, a catequização doutrinária e a distribuição de literatura são propriedade do Espírito para convencer, confrontar, converter e conformar pecadores e santos a Cristo. Esta Palavra de vida é a ferramenta pela qual Jesus estende o Seu governo; por meio dela, o Filho do Homem chama as almas dos túmulos, dá alimento às Suas ovelhas e subjuga os corações rebeldes, que de bom grado se rendem em arrependimento e fé. E se, enquanto esteve na terra, nosso Senhor ensinou em lagos e colinas, gritamos dos telhados para defender Suas reivindicações reais.
Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Magazine.