O parente resgatador
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O parente resgatador

Nota do Editor: Este é o terceiro de 19 capítulos da série da revista Tabletalk: Palavras e frases bíblicas mal compreendidas.

Casas de penhor, execuções hipotecárias e falências destacam a realidade da crise financeira que as pessoas vivenciam em nossos dias. Você já precisou de ajuda financeira? Talvez você tenha pedido a um membro da família para ajudar a pagar sua fatura de cartão de crédito, empréstimo estudantil ou pagamento de hipoteca. Ou talvez um membro da família tenha lhe pedido ajuda para pagar uma dívida.

A necessidade de ajuda financeira é uma maneira útil de introduzir a ideia do parente resgatador. Em suma, um parente resgatador é um parente que, às suas próprias custas, paga as dívidas de outro. Mas esse tema vai além das finanças, porque nossa maior necessidade não é que alguém pague nossas dívidas financeiras — por maior que seja essa necessidade —, mas que alguém nos redima da dívida contraída por nossos pecados. É assim que a ideia do Antigo Testamento sobre o parente resgatador se aplica à nossa compreensão da redenção por meio do sacrifício de Jesus Cristo.

A ideia de um parente resgatador é apresentada nas leis levíticas, expostas por homens como Boaz e Jeremias — e cumpridas por Jesus — que pagou por nossos pecados com Seu precioso sangue.

Instruções para um parente resgatador são dadas em Levítico 25, em estreita conexão com o Ano do Jubileu, quando as dívidas são perdoadas, as terras da família são devolvidas e os prisioneiros são libertados. Se um israelita contraísse dívidas, talvez tivesse de vender sua terra herdada ou, talvez, até se vender como escravo. Se isso acontecesse, um parente próximo pagaria o preço para resgatar a terra ou comprá-lo da escravidão (quanto mais estreita a relação familiar, maior a obrigação de atuar como parente resgatador). O custo do resgate era calculado proporcionalmente ao Ano do Jubileu.

No livro de Rute, as obrigações de um parente resgatador sucedem em um cenário da vida real. O marido e os filhos de Noemi morreram em Moabe e, depois de muitos anos, Noemi e Rute chegam a Belém. Boaz é um parente próximo e sente-se honrado por ser convidado a agir como o resgatador, mas há um parente mais próximo que tem o primeiro direito. Quando o parente mais próximo declina, porque o custo da redenção e do casamento com Rute colocaria em risco sua própria propriedade, Boaz, com grande custo para si mesmo, paga o preço para resgatar a terra e toma Rute como esposa.

Este tema reaparece na vida do profeta Jeremias. Em resposta à reclamação de Jeremias, Deus diz: “Arrebatar-te-ei (…) das garras dos violentos” (Jr 15:21). Mais tarde, o próprio Jeremias se torna outro exemplo importante de parente resgatador quando paga o preço de redenção pela terra de seu primo (32:6-15), o que cria esperança para o futuro.

Este breve panorama de Levítico, Rute e Jeremias oferece um retrato para nos ajudar a ver e entender nossa própria necessidade de redenção. Por causa de nossos pecados, o custo dessa redenção é extremamente alto, mas o Senhor Jesus Cristo pagou esse preço integralmente. Vemos isso muito bem em uma breve pesquisa das seguintes passagens do Novo Testamento.

No início de Seu ministério terreno, Jesus estava ensinando na sinagoga de Nazaré. Ele leu estas palavras de Isaías 61: “O Espírito do Senhor está sobre mim… enviou-me para proclamar libertação aos cativos… e apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lc 4:18-19). Jesus estava fazendo uma referência ao Ano do Jubileu e à Sua própria obra de redenção quando afirmou: “Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir” (Lc 4:21).

Os apóstolos entenderam corretamente a obra salvadora de Jesus no sentido de redenção. Em Gálatas 3:13, Paulo expressa: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar.” Pedro também fala da redenção que Jesus realizou, e enfatiza o alto preço que foi pago. Lemos em 1 Pe 1:18-19: “Fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo.”

O Novo Testamento enfatiza que somos devedores espirituais. O único preço aceitável pela dívida do nosso pecado é o precioso sangue de Jesus. Quando esse preço foi pago, a dívida foi cancelada e os pecadores foram libertados. O que é notável é que o Jesus encarnado não se envergonha de nos chamar de irmãos e irmãs (Hb 2:11) Ele realmente é nosso parente resgatador. Louvado seja Deus por tão grande redenção.

Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Magazine.

Quentin B. Falkena
Quentin B. Falkena
O Dr. Quentin B. Falkena é pastor da Cornerstone Christian Church em Medford, Oregon.