Purificando-nos como Cristo é Puro - Ministério Ligonier
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Purificando-nos como Cristo é Puro

Nota do editor: Este artigo é o sexto de 8 capítulos da série A Oração Sacerdotal de Jesus da Revista Tabletalk.

Se você teve ou tem filhos pequenos, provavelmente está muito familiarizado com o seguinte cenário. Seu filho usando o boné do pai quando está prestes a colidir com uma parede que não pode ver. Sua filha cambaleando ao tentar calçar os sapatos da mãe. É lindo e reconfortante ver suas tentativas de imitar a você ou seu cônjuge, mas seus esforços são ainda mais impressionantes por um motivo que muitas vezes não nos lembramos. Nossos filhos, com base tanto na natureza quanto na criação, são obrigados a crescer para parecer e agir como nós. No entanto, eles nos veem e querem fazer todo o possível para serem como nós somos agora, incluindo nossos chapéus e calçados. Estão ansiosos para crescer. Simplesmente não podem esperar.

Há uma dinâmica semelhante em ação em 1 João 3:3: “E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro.” Aqui, João escreve aos cristãos sobre a relação entre ser os verdadeiros filhos de Deus e a vida ética ou moral de alguém como tal. Compreender o que João diz aqui é a chave para nós enquanto buscamos viver à luz de quem Cristo é e quem somos agora (assim como quem ainda não somos) nEle. Para fazer isso, precisamos olhar de perto a natureza e o conteúdo da esperança que todos os verdadeiros filhos de Deus possuem em Cristo. Isso ajudará a esclarecer o que significa dizer que todos os filhos de Deus se purificam e que conexão isso tem com o fato de que Cristo é puro.

Para começar, João identifica claramente os verdadeiros filhos de Deus como possuindo “esta” esperança. Ele quer que recordemos a promessa específica da qual ele acabou de falar no contexto anterior. Desde o início da carta, ele se dirigiu a seus leitores cristãos como “filhinhos”. Mais do que simplesmente um título de afeição, este termo leva à grande expressão em 3:1: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus.” Isso fala da adoção de Deus por meio de nossa união com Cristo, Seu Filho amado e unigênito. Todos os benefícios e bênçãos que Jesus recebeu como Filho de Deus com respeito à Sua humanidade são agora compartilhados e mantidos por todos aqueles que foram colocados nEle e unidos a Ele pela fé. Como Paulo diz: “Se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo” (Rm. 8:17)

No entanto, se somos coerdeiros com Cristo e assim começamos a governar com Ele quando ascendeu ao Pai, por que continuamos a sofrer a oposição do mundo? Por que alguns na igreja acabam deixando isso pelas promessas do mundo? Nossa experiência muitas vezes não parece refletir os fatos da redenção. João começa a explicar isso em 3:1-2. Primeiro, se o mundo se opõe a Deus e se recusa a reconhecer Sua majestade, podemos esperar apenas o mesmo tratamento para Seus filhos e os comentários de João no início de 2:18-19 nos lembram que aqueles que apostataram sempre estiveram alinhados com o mundo e nunca verdadeiramente com Ele.

Em segundo lugar, João enfatiza a natureza “agora e ainda não” de nossa adoção em Cristo. Ele reitera o que acabou de dizer anteriormente, que somos de fato filhos de Deus agora, mas também acrescenta que o que seremos “ainda não” foi revelado. Isso leva a duas perguntas óbvias: quando, então, isso será “revelado” e o que será verdade para nós no futuro que não é verdade para nós agora como filhos de Deus? João responde a ambas as perguntas de forma convincente. Ele ressalta que será quando Cristo for “revelado”, ou seja, na Sua segunda vinda, que seremos como Ele e que isso será assim porque o veremos como Ele é (1 Jo. 3:2).

Embora Jesus — como Filho davídico de Deus — tenha recebido um reino eterno e tenha começado a governar uma nova criação inaugurada começando com a Igreja, além de Sua ressurreição e ascensão, esse novo governo do reino criacional é amplamente exercido de forma interna e invisível. Somente quando Cristo retornar para consumar Seu governo e trazer novos céus e terra, a redenção de Deus de toda a ordem criada será completa, totalmente pública e visível. Será quando virmos Cristo presidindo como Rei sobre a irreversível nova criação que nós, também, como filhos e filhas adotivos de Deus, coerdeiros em Cristo, seremos ressuscitados, completamente purificados e tão gloriosamente dotados para governar de forma plena e finalmente com Ele para que todo mundo veja. Esta é a “esperança” em Cristo que todos os filhos de Deus possuem diante da oposição do mundo e da apostasia de falsos irmãos.

Então, o que significa que todos aqueles que têm essa expectativa escatológica particular (derradeira, final, dos últimos dias) “purificam-se”, assim como Cristo é “puro”? O verbo “purificar” é frequentemente usado no Novo Testamento e nas traduções gregas do Antigo Testamento para descrever a purificação que torna algo ou alguém aceitável para ser utilizado na presença de Deus e no templo (por exemplo, Êx. 19:10; Nm. 8:21; Jo. 11:55; At. 21:24, 26; 24:18). Aqui em 1 João 3:3, como em outros lugares (Tg. 4:8; 1 Pe. 1:22), é usado com uma conotação ética descrevendo a pureza moral. Aqueles que têm a esperança certa de serem ressuscitados e glorificados para se unirem ao Filho em Seu governo eterno vivem uma vida de cooperação ética com o Espírito Santo para serem purificados e equipados exatamente como Jesus é para o uso santo do Pai.

Somos filhos de Deus agora e, portanto, vivemos interiormente como novas criaturas. No entanto, sabemos que nossa herança completa deve ser como o Jesus ressuscitado em Sua pureza glorificada. Podemos comparar isso, então, ao nosso cenário de abertura. Como crianças que se vestem como seus pais se vestem, os crentes que têm essa esperança purificam-se assim como Cristo é puro. Eles buscam a santidade mesmo agora, porque sabem quem são e com quem se parecerão. Estão ansiosos para crescer e simplesmente não podem esperar.

Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Megazine.

Matthew A. Dudreck
Matthew A. Dudreck
Dr. Matthew A. Dudreck é professor associado de Novo Testamento no Reformation Bible College em Sanford, Flórida.