Rendição total - Ministério Ligonier
O Evangelho dos evangelhos
outubro 23, 2022
Juízo e misericórdia
outubro 25, 2022
O Evangelho dos evangelhos
outubro 23, 2022
Juízo e misericórdia
outubro 25, 2022

Rendição total

Nota do editor: Este é o sétimo de 10 capítulos da série da revista Tabletalk: Os evangelhos.

Gary Thomas, em seu livro Seeking the Face of God [Como buscar a face de Deus], faz esta declaração: “A saúde cristã não é definida por quão felizes somos, quão prósperos ou saudáveis ​​somos, ou mesmo por quantas pessoas levamos ao Senhor no ano passado. A saúde cristã é, em última análise, definida pela sinceridade com que acenamos nossa bandeira de rendição”. O que ele está dizendo é o seguinte: uma maneira importante de medir nossa saúde espiritual é determinar o quanto estamos entregues a Deus. Acredito que muitas de nossas maiores lutas para viver uma vida cristã saudável e produtiva vêm a nós por causa de nossa relutância em nos rendermos totalmente a Deus. Nossas igrejas estão cheias de pessoas que não estão crescendo progressivamente em sua entrega a Cristo; portanto, muitas de nossas igrejas não são espiritualmente saudáveis. Igrejas não saudáveis estão focadas em si mesmas, mais preocupadas com o tamanho de nossos edifícios e orçamentos do que com a glória de Cristo na salvação e santificação de Seus eleitos dentre todos os grupos de pessoas.

Sou americano, na verdade um afro-americano; tenho dificuldade com o conceito de rendição. Os americanos não se rendem. Rendição significa fraqueza. Significa derrota. Significa que eu desisto, não é? Entregar-se a Deus é um desafio mesmo para aqueles que conhecem o Senhor da glória, Jesus Cristo.

Primeiro, vamos examinar o tipo de entrega que acredito que o Senhor exige e, em seguida, o caminho para isso. A passagem que me ajudou a refletir sobre isso é Romanos 12:1-2. Deus nos chama a apresentar nossos corpos como sacrifícios vivos. Ao apelar para que “apresentemos” nossos corpos a Deus, o apóstolo está dizendo que todo cristão é um sacerdote. Isso não é novidade, pois vemos o povo da antiga aliança denominado como um “reino de sacerdotes” em Êxodo 19:6. Os escritores da nova aliança continuam essa mensagem, como em 1 Pedro 2:9, onde a igreja é um “sacerdócio real”. Como sacerdotes que estão diante de Deus, devemos trazer algo a Ele, não para fazer expiação, mas em resposta à expiação. O que oferecemos? A única coisa que temos somos nós mesmos. A entrega que Deus quer é a entrega de nossos corpos a Ele. Nossas vidas e tudo o que temos devem estar à disposição de Deus. Paulo falou sobre a apresentação dos membros de nossos corpos a Deus como “instrumentos de justiça” em Romanos 6:12-19. Não devemos mais dar nossas pernas, braços, ouvidos e mentes para cometer rebelião contra Deus. Visto que fomos justificados por Cristo, devemos entregar os próprios membros de nossos corpos a Deus para fazer o que é bom aos Seus olhos. Paulo fala coletivamente deste ato no capítulo 12, mostrando que é uma entrega total; nada fica de fora. Nenhum aspecto de nossas vidas deve estar fora da devoção a Deus por meio de Jesus Cristo.

Ele pede que nossa oferta seja viva e santa. Observe, Deus não quer um sacrifício morto; Ele quer um vivo. Ele pretende que Seu povo viva em alegre entrega a Ele, encontrando nosso prazer nEle, em vez de atividades mundanas. É claro, visto que o Senhor nosso Deus é santo, uma oferta apresentada a Ele também deve ser santa, pura e entregue apenas ao Seu serviço. À medida que o povo de Deus se oferece humildemente em santidade, Paulo diz que nossas igrejas experimentarão cada vez mais “adoração espiritual”. Como lutamos por elementos de adoração! Alguns não gostam de hinos. Alguns não gostam de canções de louvor contemporâneas. Alguns não gostam de instrumentos. Todos vêem sua preferência como mais bíblica do que os outros. Mas nenhum de nós realmente adora a Deus a menos que estejamos crescendo em alegre entrega a Cristo. É uma perversão de adoração ao Deus vivo quando oferecemos sacrifícios mortos e tudo menos nossos corpos santos. Dizemos que somos dEle, mas nossas vidas estão contaminadas com justiça própria, ganância, amargura, racismo, luxúria e inveja. Como, então, podemos experimentar o poder de Deus em nossas vidas e testemunhar? A resposta está na entrega diária de todo o nosso ser a Deus, ao cantar “Tudo entregarei” e confiar em Deus para nos transformar pelo Seu poder.

O caminho para essa entrega também faz parte do nosso problema. Nossas mentes estão cheias das coisas deste mundo. Desejamos ter mais e não nos satisfazemos com menos, então nos endividamos. Nossos casamentos fracassam à medida que perseguimos o “sonho americano”. É de se admirar que nossos filhos que foram instruídos e são “irrepreensíveis” vão para a faculdade e ajam como pagãos? Eles não experimentaram ou nem sequer viram muitos exemplos de entrega total a Cristo e ao poder de Deus em ação em tal comunidade de adoração.

Por que devemos nos render totalmente a Deus? Nosso Pai celestial derramou Sua vasta riqueza de misericórdia sobre nós em Cristo. Misericórdia é a compaixão de Deus dada àqueles que são miseráveis. É semelhante à graça no sentido de que é imerecida. Será que de fato entendemos o que somos sem Cristo? O povo de Deus deve pedir a Ele que nos revele nossa total depravação para que possamos chorar por nosso pecado e pelo pecado de nossa cultura. Este é o caminho para a bem-aventurança (Mt 5:4). As misericórdias de Deus na justificação, santificação, eleição e glorificação por meio de Cristo são vistas mais nítidas quando entendemos a distância entre a santidade de Deus e nossa pobreza espiritual. Pessoas e igrejas que são humilhadas pelas grandes misericórdias de Deus são mais propensas a crescer na entrega de suas vidas a Cristo dia após dia. Nossa adoração será centrada em Deus e nossas mentes renovadas pelo poder das riquezas de Seu amor. E pela maravilhosa graça de Deus, tais igrejas poderão fazer discípulos das nações que habitam nas suas comunidades.

Este artigo foi publicado originalmente na Tabletalk Megazine.

Kevin Smith
Kevin Smith
O Rev. Kevin Smith é pastor sênior da Pinelands Presbyterian Church em Cutler Bay, Flórida.